Título: Irã conclama povo à resistência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2007, Internacional, p. A12

Um dia depois da divulgação do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que abre espaço para a imposição de sanções mais duras contra Teerã, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, conclamou a população de seu país a resistir às pressões internacionais para que o Irã renuncie ao seu programa nuclear. ¿Nosso povo resistirá em defesa de seu direito¿, disse Ahmadinejad. ¿Se demonstrarmos fraqueza diante do inimigo, suas expectativas irão aumentar. Mas se nos unirmos, eles terão de voltar atrás.¿

O ex-presidente Hashemi Rafsanjani, hoje líder do influente Conselho dos Guardiães (que zela pela lei islâmica no sistema político iraniano), manteve o mesmo tom desafiador: ¿Eles não conseguirão o que querem pressionando o Irã. Só criarão problemas para si mesmos¿, afirmou. Em Viena, na Áustria, o representante iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, garantiu que seu país não teme um ataque dos EUA. ¿O Irã não é o Iraque¿, disse.

Segundo o documento da AIEA, Teerã descumpriu uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU em dezembro, acelerando a aplicação de seu programa para produzir urânio enriquecido (um combustível nuclear) em vez de paralisá-lo. Há dois meses, a ONU já adotou sanções limitadas contra Teerã, como a proibição da venda para esse país de material que poderia ser usado em mísseis e armas atômicas. Na segunda-feira, os membros permanentes do CS (EUA, França, Rússia, China e Grã-Bretanha) devem se reunir para discutir qual será seu o próximo passo - e a adoção de novas sanções é uma das opções.

O Irã alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas os EUA e seus aliados suspeitam que o país queira produzir armas atômicas. Preocupado com a escalada de tensões, o chefe da AIEA, Mohamed ElBaradei defendeu ontem a retomada do diálogo. ¿Ainda há uma janela de oportunidade para que o Irã e a comunidade internacional voltem à mesa de negociações¿, afirmou.

Ao ser questionado sobre a hipótese de uma ação militar no Irã, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, respondeu que ¿todas as opções serão consideradas¿. Mais tarde, porém, a Casa Branca emitiu um comunicado mais cauteloso, segundo o qual estaria buscando uma ¿solução diplomática¿ para o problema. Essa opção também foi defendida pela chanceler alemã, Angela Merkel, que exerce a presidência rotativa da União Européia.

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