Título: Europeus temem virada no País
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2007, Economia, p. B6

Pegou mal entre analistas de instituições estrangeiras a nomeação do economista Paulo Nogueira Batista Júnior como diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), no lugar de Eduardo Loyo, anunciada pelo Ministério da Fazenda.

Embora não tenha afetado os negócios, a escolha de um crítico ferrenho do Banco Central aumentou o temor de que o presidente Lula esteja, gradualmente, abandonando a política econômica do primeiro mandato e abrindo mais espaço para os ¿desenvolvimentistas¿.

O temor de que a autonomia operacional do BC possa ser comprometida voltou a ganhar alguma força no mercado. ¿A dúvida é: por que o governo escolheria um economista que colide com a ortodoxia da equipe monetária para representar o País no FMI, o templo da ortodoxia econômica?, indagou o estrategista de um fundo de investimentos europeu.

Segundo ele, a escolha de Nogueira Batista serviu para reviver incertezas em torno de mudanças na diretoria do BC. ¿Diretor do Brasil no FMI não tem impacto nos mercados, mas diretor do BC, sim¿, afirmou.

Paulo Leme, analista do banco Goldman Sachs, salientou em nota para clientes que Nogueira Batista foi subsecretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda em 1987, ¿quando liderou os esforços para declarar a moratória da dívida externa¿ no ano seguinte.

Em Washington, Arturo Porzecanski, professor de Finanças Internacionais na American University, que cobriu a América Latina para vários bancos durante 30 anos, disse: ¿Só agora que o Brasil não deve mais nada ao FMI é que o País pode se dar ao luxo de indicar alguém tão de esquerda e anti-FMI como Nogueira Batista.

Ele disse estar surpreso, mas não acredita que a escolha vá ter maiores conseqüências. ¿É bem mais fácil o FMI mudar Nogueira Batista do que o contrário.¿ O FMI não comentou a escolha do diretor.