Título: Petrobrás pode comprar GNL de petroleira russa
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2007, Economia, p. B10
A petroleira russa Gazprom entrou na disputa para fornecer gás natural liquefeito (GNL) ao Brasil. Em acordo assinado ontem, no Rio, a companhia se comprometeu a estudar parcerias com a Petrobrás, com possibilidade de fechamento de negócios neste ano. A Petrobrás quer importar 20 milhões de metros cúbicos de GNL por dia a partir de 2008, com o objetivo de diversificar as fontes de abastecimento, hoje restritas à Bolívia e ao gás nacional.
A estatal iniciou negociações para importar o GNL de grandes fornecedores globais, como a britânica BG. Porém, a Gazprom tem a seu favor o gigantismo de suas atividades. A empresa tem jazidas estimadas em 29 trilhões de metros cúbicos, equivalente a quatro vezes as reservas da América do Sul, e quer ampliar seu poder de alcance para além da Europa.
Em nota, Petrobrás e Gazprom anunciaram que vão analisar oportunidades nas áreas de GNL, armazenagem e transporte de gás natural. ¿O cronograma de atividades se estenderá até o próximo ano, mas espera-se que, já em 2007, Petrobrás e Gazprom concretizem parcerias na área de GNL.¿ A estatal pretende inaugurar terminais de recebimento de GNL no Rio e no Ceará em 2008.
As importações têm como objetivo reduzir a dependência do gás boliviano e garantir suprimento adequado ao perfil de consumo no País - volátil em razão do grande uso do combustível para geração de energia. O GNL é o gás natural resfriado a 162°C negativos até que fique líquido. Seu volume é 600 vezes menor que na forma gasosa e o custo de estocagem, menor.
A Gazprom não tem terminais de liquefação de gás mas já fornece GNL para Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Coréia do Sul, por meio da troca de gás natural comum por gás liquefeito com outros fornecedores. Por exemplo, a empresa recebe GNL de países do Mediterrâneo como parte do pagamento pelo gás que envia à Europa.
Um dos projetos de exploração e liquefação de gás na Rússia, no Mar de Barents, perto da Finlândia, tem reservas de 3,7 trilhões de metros cúbicos e produção prevista em 191 milhões de metros cúbicos por dia. Parte será enviada à Alemanha por um gasoduto sob o mar Báltico e distribuída por Holanda, França e Inglaterra. O restante será transformado em GNL, com foco no mercado do Atlântico.