Título: Blair apresenta cronograma de retirada parcial
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2007, Internacional, p. A9

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou ontem, num discurso no Parlamento, o cronograma para a retirada parcial das forças de seu país do Iraque. De acordo com Blair, 1.600 dos 7.100 soldados britânicos que hoje atuam principalmente na Província de Basra, no sul do Iraque, devem voltar para casa nos 'próximos meses' e é possível que outros 500 saiam no segundo semestre, reduzindo o contingente britânico para 5.000 até o fim do ano.

'As tropas britânicas vão continuar no Iraque em 2008 e por quanto tempo for necessário', disse Blair. 'Mas nosso trabalho será cada vez mais de suporte e treinamento e poderemos reduzir nossos efetivos conforme tivermos atingido nossas metas', acrescentou, lembrando que as tropas britânicas transferiram na terça-feira o controle de Basra para forças iraquianas.

O anúncio ocorre no momento em que os EUA planejam ampliar seus efetivos no Iraque, enviando mais 21.500 soldados para reforçar o trabalho dos 140.000 que já estão no país. Em uma entrevista à TV ABC, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, classificou o anúncio de Blair como 'um sinal de que houve avanços significativos na estabilização de Basra'.

Na véspera, após a rede BBC antecipar o discurso de Blair no Parlamento, o porta-voz da Casa Branca, Gordon Johndroe, havia feito um interpretação semelhante. 'Os EUA dividem com os britânicos o objetivo de devolver a responsabilidade pela segurança para as forças iraquianas e reduzir o número de soldados no Iraque', disse.

Já a oposição democrata aproveitou a ocasião para criticar mais uma vez a estratégia do presidente George W. Bush para o Iraque. Segundo o senador democrata Edward Kennedy, a retirada de soldados britânicos é um sinal de que até Blair estaria se afastando de Bush e de que 'já é hora de mudanças na política americana para o Iraque'.

Essa não é a primeira vez que os britânicos anunciam uma redução d e suas tropas em território iraquiano. Suas forças somavam 40.000 soldados no início da guerra, em março de 2003, e 9.000 há dois anos. Até agora, 132 integrantes das Forças Armadas britânicas morreram no Iraque, o que aumentou a pressão para que o governo da Grã-Bretanha reduza sua participação no conflito.

Logo após o anúncio de Blair, o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, também divulgou que pretendem retirar seus 460 soldados, que estão no Iraque sob comando britânico.