Título: Butantã recebe cepa do vírus da gripe aviária
Autor: Lopes, Adriana Dias
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2007, Vida&, p. A14

O Instituto Butantã, em São Paulo, já recebeu a cepa do vírus da gripe aviária que servirá de matéria-prima para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença em humanos. Conforme adiantou o Estado em janeiro, o objetivo é fabricar 100 mil doses em um ano.

O material havia sido liberado há pouco mais de um mês pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (doador da cepa) e pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Mas ficou parado por uma semana na alfândega do Aeroporto de Campinas. ¿Faltava a liberação de um documento¿, explica Isaías Raw, diretor da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico do Butantã. ¿Os feriados também atrapalharam.¿

A produção da vacina deverá começar nos próximos 15 dias no laboratório experimental do instituto, montado só para a fabricação da vacina da gripe aviária. A idéia é que quando a fábrica de vacina da gripe comum do Butantã começar a funcionar, em 2008, a produção das doses da aviária seja transferida para lá e, então, a capacidade de fabricação se multiplique. Depois de testes em camundongos, a vacina será aplicada em 80 voluntários.

A cepa que o instituto recebeu é do subtipo do H5N1 (vírus da gripe aviária) que surgiu na Indonésia, a atual campeã de mortes pela doença. Foram 46 vítimas fatais em 2006 e 6 neste ano, até o dia 19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No ano passado, o Butantã chegou a receber uma cepa do vírus que circulava no Vietnã, mas ela nunca foi descongelada - tal cepa se mostrou eficaz só em doses altas. A dose de vacina comum tem 15 microgramas. A cepa do Vietnã imuniza com doses de 30 microgramas.

Ontem, o FDA, agência que regula alimentos e remédios nos EUA, informou que a vacina contra gripe aviária em desenvolvimento pelo laboratório Sanofi-Aventis é menos eficaz do que se previa. Pesquisas clínicas mostraram que sua capacidade de imunização é de 45%, em vez de 54%, como se imaginava. Mesmo assim, continua sendo uma das opções mais favoráveis no combate a uma possível pandemia da doença. EUA, França, Itália e Austrália têm contratos com a fabricante para ter estoque do produto.