Título: A revolução do conhecimento
Autor: Skaf, Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2007, Economia, p. B2

No Estado de São Paulo, a indústria é responsável por 23,08% de todos os empregos e paga salário médio de R$ 1.452, valor acima de todos os demais segmentos. Em termos nacionais, o setor representa mais de um terço do Produto Interno Bruto (PIB). Esses dados são ainda mais relevantes se considerarmos que produtos industrializados e com tecnologia agregada integram de maneira expressiva a pauta das exportações, contribuindo para que a performance do comércio exterior brasileiro desafie e vença uma política cambial ainda desfavorável. É mais uma prova de que está correta a tese quase unânime de especialistas e economistas quanto ao papel decisivo da indústria na promoção do crescimento sustentado, criação de empregos, multiplicação e distribuição de renda.

Tais atributos do setor exigem a preparação de profissionais qualificados, considerando o papel do capital humano para o sucesso das empresas. Comprometida com essa demanda, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tem investido na rede do Senai-SP, abrindo novas escolas e ampliando outras unidades em todo o Estado. Ao atender à formação de mão-de-obra, dentro dos mais contemporâneos padrões pedagógicos e técnico-educacionais, a indústria paulista cumpre dois objetivos relevantes: supre as empresas na vertente crucial dos recursos humanos e contribui para a melhoria de vida de milhares de jovens e profissionais, abrindo-lhes novas perspectivas em suas carreiras.

Os investimentos em educação profissional são parcela importante no objetivo de universalização do ensino, que, necessariamente, deve pautar as prioridades das nações que encaram com responsabilidade o desafio do desenvolvimento. É óbvio que esse esforço deve abranger a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Oferta de qualidade nesses três níveis a crianças e adolescentes de todo o País, não importa a faixa de renda na qual estejam suas famílias, é imprescindível para democratizar oportunidades e garantir acesso à plenitude da cidadania.

Nesse contexto, a indústria paulista também tem exercitado sua responsabilidade social, por meio do Sesi-SP, que atende a 125 mil alunos/ano na educação infantil e ensino fundamental e que, agora, passa também a ministrar ensino médio, além de ofertar 60 mil vagas anuais a jovens e adultos que não puderam concluir estudos na idade convencional. Como assistência médica e alimentação se constituem fatores condicionantes da capacidade de aprender, a instituição mantém o programa Saúde Escolar, com acompanhamento médico, psicológico, odontológico e fonoaudiológico, e fornecendo 2,7 milhões de refeições/ano em sua rede escolar. Nas empresas, há programas preventivos de saúde, reabilitação de trabalhadores acidentados, tratamento de doenças ocupacionais e orientação nutricional. Além de cumprir com excelência seu papel nas áreas educacional e de saúde, o Sesi-SP ainda contribui nos segmentos de cultura, esportes e lazer.

Não há dúvida de que, no âmbito da meta de expansão mais consistente do PIB brasileiro, a realização das reformas estruturais, como a tributária, política, previdenciária e trabalhista, é essencial, bem como a queda dos juros, ajuste do câmbio e sucesso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Entretanto nada disso será suficiente para garantir ao Brasil o avanço além de um patamar medíocre de desenvolvimento.

Com as exigências competitivas da economia contemporânea, o saber tornou-se elemento explícito do progresso. Assim, o desafio da educação se alinha entre as prioridades nacionais. Vencê-lo, contudo, não é responsabilidade apenas do Estado. Cabe às organizações do setor privado um papel relevante nesse processo. Afinal, como afirma Alvin Toffler, a presente civilização encontra-se na chamada Terceira Onda, ou seja, uma era na qual os setores produtivos dependem cada vez mais do conhecimento. Portanto é imprescindível e justo o engajamento crescente das empresas e de suas entidades de classe na meta de contribuir para que a revolução do ensino seja a grande base de um Brasil cada vez mais avançado.