Título: PT retribui ajuda a Chinaglia e apóia candidato de Serra
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2007, Nacional, p. A10

O PT retribuiu ontem o apoio de tucanos paulistas na eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara e anunciou que votará no candidato do governador José Serra para a presidência da Assembléia de São Paulo, o deputado Vaz de Lima (PSDB). A eleição será no dia 15. Foi justamente o apoio de tucanos que assegurou a vitória de Chinaglia contra Aldo Rebelo (PC do B-SP).

A Assembléia paulista é a única que ainda não elegeu a nova Mesa Diretora. A adesão dos petistas, que têm a segunda maior bancada no Estado, deixa Serra em posição confortável. A justificativa para o anúncio do acordo foi cumprir o princípio da proporcionalidade - o partido com a maior bancada faz o presidente da Casa e as demais legendas ficam com cargos cuja importância deve refletir seu número de deputados.

Vaz agora passou a contar com cerca de 70 dos 94 votos. Além do PT, já fecharam com ele PFL, PPS e PV. Para ser eleito, é preciso ao menos 48 votos. Seu único adversário hoje é o deputado Antônio Salim Curiati (PP), mas Vaz ainda tenta dissuadi-lo a deixar a disputa.

Para fechar o acordo, PT e PSDB negociaram cargos na Mesa Diretora. Foi garantido aos petistas o comando da primeira secretaria, posto mais importante depois da presidência. Ainda se discute se o PT levará a quarta secretaria, a que teria direito pela proporcionalidade.

¿Discutimos muito a questão da proporcionalidade e coloquei ao PT que ela tem de ser levada em conta no ponto de vista aritmético e político. Aritmeticamente, isso (quarta secretaria) seria dado ao PT, mas gostaria de ter uma conversa política para resolver a questão¿, afirmou Vaz. O posto pode ser usado pelo PSDB para agraciar outros apoiadores. O PFL tem garantida a segunda secretaria.

O PT conseguiu postos-chave em comissões permanentes. Pediu a presidência de pelo menos duas, o que foi aceito por Vaz. ¿O mais importante que aconteceu aqui, e foi motivo desse apoio, foi um acordo naquilo que a gente acha importante: o princípio da proporcionalidade na Mesa e nas comissões¿, disse o líder do PT, Ênio Tatto.

Foi justamente a proporcionalidade o argumento usado pelos tucanos que, na eleição para a Câmara, defenderam o apoio a Arlindo Chinaglia. O então líder da bancada, Jutahy Júnior (BA), chegou a declarar publicamente apoio ao petista, alegando ter feito consulta telefônica aos deputados do partido. Diante da reação negativa e do lançamento de uma candidatura não-governista, de Gustavo Fruet (PSDB-PR), as lideranças tucanas retiraram oficialmente o apoio a Chinaglia.

Os tucanos votaram em Fruet, mas ele não passou para o segundo turno de votação. Parte da bancada deu votos ao petista, que acabou vencendo a disputa no segundo turno. Serra foi apontado como articulador dos votos em Chinaglia entre os dois turnos, mas sempre negou que tenha feito telefonemas para interferir na disputa.

JUTAHY

Pontos negociados no primeiro acordo com Chinaglia acabaram se concretizando. O deputado estadual Marcelo Nilo (PSDB-BA), aliado de Jutahy Júnior, virou presidente da Assembléia baiana - embora o PSDB não seja o maior partido da Casa. Nárcio Rodrigues (MG), aliado do governador Aécio Neves, ficou com a primeira vice-presidência da Câmara - o segundo cargo em importância. E, agora, o PT fechou apoio ao candidato de Serra na Assembléia.