Título: Taleban diz ter 2 mil homens-bomba
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2007, Internacional, p. A15

O Taleban advertiu ontem que o grupo radical islâmico tem 2 mil homens-bomba prontos para uma ampla ofensiva ainda no primeiro semestre deste ano - além dos que estão em treinamento - e enviou mil suicidas ao norte do Afeganistão, que estava relativamente calmo.

Mais de 4 mil pessoas - um quarto civis - morreram nos combates no ano passado, a maioria no sul e no leste do Afeganistão, na fronteira com o Paquistão. O ano passado foi o mais mortífero no Afeganistão desde que as tropas lideradas pelos EUA depuseram o governo do Taleban em 2001. O Taleban disse que vai ampliar a campanha de atentados suicidas, além de retomar sua guerra de guerrilha depois de sofrer grandes perdas nas batalhas com as forças da Otan em 2006.

Tática pouco usada até 2005, quando ocorreram 21 atentados suicidas, o número de ataques com homens-bomba subiu para 139 no ano passado depois que os rebeldes taleban começaram a copiar as táticas usadas pelos insurgentes no Iraque.

O anúncio foi feito um dia após o grupo radical islâmico lançar um atentado suicida diante da principal base americana no Afeganistão durante visita do vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. Pelo menos 23 pessoas, entre elas um soldado americano, morreram no atentado, mas Cheney escapou ileso, pois estava a cerca de 500 metros de distância do local da explosão.

¿Reagimos em um curto espaço de tempo para atacar a base¿, disse o comandante taleban mulá Hayatullah Khan à agência Reuters por telefone.

Relatórios de inteligência indicam que o Taleban tinha condições de realizar ataques suicidas perto da base de Bagram mesmo antes do atentado durante a visita de Cheney, disse o coronel Tom Collins, porta-voz da força da Otan no Afeganistão. Segundo ele, células suicidas estão presentes na capital, Cabul, cerca de 50 quilômetros ao sul da base de Bagram. Collins disse que não está claro se o Taleban realmente sabia da visita de Cheney ou se o ataque foi uma coincidência. O suicida não tentou passar do primeiro posto de segurança em Bagram e detonou os explosivos perto de trabalhadores afegãos. O embaixador dos EUA, Ronald Neumann, disse não acreditar que o Taleban visou Cheney, pois ele só não havia viajado para Cabul na segunda-feira à noite por causa do mau tempo.