Título: 'Ano terminou bem e vamos começar bem 2007'
Autor: Lacerda, Ângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2007, Economia, p. B4

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou bom o crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente 'pela qualidade dos dados'. Segundo ele, o crescimento se deu a partir da Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, os investimentos, o que mostra que a economia está aumentando sua capacidade produtiva. Além disso, como observou, as perspectivas para este ano são boas porque os dados mostram o aumento do consumo das famílias e do governo, numa clara indicação de que a economia está em expansão.

O dado mais relevante, segundo Mantega, foi o crescimento de 1,1% no quarto trimestre do ano passado. Esse porcentual anualizado representa uma expansão de 4,4%, bem próxima da projeção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de 4,5% de crescimento econômico para este ano. 'Achei bom o resultado, principalmente pela qualidade dos dados', disse Mantega. Segundo informações divulgadas ontem pelo IBGE, a formação bruta de capital fixo (FBCF), que indica investimentos, registrou crescimento de 6,3% em 2006, bem superior ao aumento de 1,6% apurado em 2005. 'Isso significa que a economia está crescendo e aumentando a sua capacidade produtiva.'

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, concordou com Mantega e disse que o resultado do último trimestre do ano passado garante 'um crescimento muito mais vigoroso em 2007'.

'Certamente a economia vai crescer mais de 4%', afirmou Bernardo. 'O resultado é aquém do que gostaríamos e aquém do que o País precisa. Mas o crescimento em 2007 deverá ser mais vigoroso', disse, apostando que a economia será impulsionada pela construção civil e pelas iniciativas do governo para expandir a produção de etanol.

CONVERSA COM LULA

O presidente Lula foi informado por Paulo Bernardo sobre o crescimento de 2,9% da economia no ano passado. Na conversa, Lula quis saber detalhes e as perspectivas para este ano. Bernardo disse que as perspectivas são positivas porque os dados do IBGE identificam que os diversos setores da economia, principalmente o de construção civil, estão realizando investimentos. 'Esse é um dado extremamente favorável', relatou o ministro.

Ele chamou a atenção de Lula para o fato de que os novos investimentos na área de etanol - diante da perspectivas de financiamento para a instalação de novas usinas no País - e as medidas relacionadas no PAC vão garantir o desenvolvimento desejado pelo governo federal. Segundo o ministro, o tom da reação de Lula às suas explicações foi otimista.

Mantega assegurou que o governo vai procurar manter ao longo de 2007 o mesmo ritmo de crescimento verificado nos três últimos meses do ano passado. 'Terminamos bem em 2006 e começaremos bem em 2007 e tudo indica que manteremos esse crescimento até o fim do ano', disse o ministro da Fazenda.

Guido Mantega reconheceu que a economia brasileira enfrentou alguns problemas no ano passado, como a crise agrícola e as taxas de juros. Ele disse, entretanto, que o País já está 'colhendo os frutos' da redução da taxa de juros, 'que é gradual, mas cria um impacto ao longo do tempo'. Essa redução, segundo ele, trará um estímulo maior à economia neste ano.

Mantega também afirmou que o resultado do superávit primário (receita menos despesas, excluindo-se os gastos com o pagamento dos juros) de janeiro, que foi de 7,64% do PIB, revela três coisas. Primeira: o País está crescendo. Segunda: o governo está ampliando os investimentos e, por fim, está conseguindo manter a estabilidade fiscal. 'Quero ver quem vai questionar a nossa responsabilidade fiscal com este resultado', desafiou o ministro.

FRASES

Guido Mantega Ministro da Fazenda

'Achei bom o resultado, principalmente pela qualidade dos dados'

'Quero ver quem vai questionar a nossa responsabilidade fiscal com este resultado'

Paulo Bernardo Ministro do Planejamento

'O resultado é aquém do que gostaríamos e aquém do que o País precisa. Mas o crescimento será mais vigoroso em 2007'