Título: No governo, esperança é BC reduzir mais o juro
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2007, Economia, p. B6

A expansão de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 alimentou, no governo, a expectativa de que o Banco Central (BC) manterá a trajetória de queda das taxas de juros na próxima semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir.

Nem o abalo provocado na bolsa de valores pela queda de 9% da Bolsa de Xangai poderá reverter, na avaliação de fontes do governo, a aposta de que o BC deve retomar a queda de 0,5 ponto na Selic, hoje em 13%. Essa perspectiva considera que o tombo da bolsa chinesa foi pontual e não deve se repetir no curtíssimo prazo.

'Não é curioso que a queda tenha sido resultado de boatos de que o governo chinês iria fazer uma ação contra ilegalidades no mercado acionário', ironizou uma fonte do governo, confirmando informação divulgada na quarta-feira pela colunista do Estado Sônia Racy. 'Não é interessante um movimento de queda que pode ter sido causado por sonegadores?.'

A fonte, admitiu, porém, que não se pode desprezar o fato de a diretoria do BC, por cautela e conservadorismo, avaliar de outra forma a queda generalizado nas bolsas. 'A queda das bolsas reforçou a posição do BC', admitiu uma qualificada fonte do governo, referindo-se à exposição do presidente do BC, Henrique Meirelles, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Lá, Meirelles disse que o abalo da Bolsa de Xangai recomendava prudência.

O Copom se reúne nos dias 6 e 7 para definir a Selic que prevalecerá até 18 de abril. 'A trajetória continua sendo de queda da Selic, com China ou não', insistem economistas do governo. Mas o fato é que a aposta de uma queda de 0,50 ponto encontra opositores na equipe.

O BC, como de praxe, está atento a todas as variáveis do mercado doméstico e externo e o brusco movimento das bolsas será considerado. Nesse contexto, alguns economistas observam que, embora a expansão de 2,9% do PIB possa representar uma frustração nas pretensões do governo, a economia pode crescer este ano ao ritmo de 4,4%.

Esse resultado ocorreria caso se repetisse, neste ano, o aumento de 1,1% na atividade econômica no último trimestre de 2006. Trata-se de um desempenho anualizado muito próximo dos 4,5% definido como ideal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando anunciou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em janeiro.