Título: Brasil vai pedir redução de sobretaxa dos EUA a etanol
Autor: Fernandes, Adriana e Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2007, Nacional, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedir hoje ao colega americano, George W. Bush, a redução da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos ao etanol importado do Brasil. O próprio presidente sinalizou essa disposição - confirmada por dois ministros - e, ao ser questionado sobre o assunto na chegada ao Itamaraty para um almoço com o presidente alemão, Horst Köhler, disse estar confiante.

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que, ¿no fundo¿, os Estados Unidos precisam do Brasil para implementar o seu programa de combustíveis renováveis. Furlan minimizou as resistências do governo americano em reduzir a sobretaxa ao etanol brasileiro, manifestando confiança numa negociação favorável. ¿Governos não negociam através dos jornais, queremos negociar numa mesa, numa sala fechada¿, afirmou.

O ministro brincou sobre a polêmica, afirmando que todas as ¿borbulhas¿ em torno do tema servem para ¿apimentar¿ as negociações. ¿Mas a relação pessoal do presidente Lula com o presidente Bush é muito boa¿, ressaltou Furlan. O ministro disse que o Brasil vai ter o mercado que quiser para vender etanol, mas que a prioridade é atender o consumidor interno e os milhares de carros flexfuel - que aceitam álcool e gasolina - que a cada dia entram no mercado.

Organizações sociais e da área de meio ambiente e social temem um acordo entre o Brasil e os Estados Unidos para a produção de etanol. O maior temor é de que o acordo reduza a produção de outros produtos, sobretudo alimentos, com o avanço de um modelo de monocultura para o etanol.

Para o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, o melhor argumento do Brasil para pedir a queda das barreiras ao etanol brasileiro nos EUA é justamente a intenção declarada do governo americano de transformar o álcool em commodity - padronizada e negociada em várias partes do globo.

¿Para isso, o etanol tem de ter um tratamento como o do petróleo, que não tem nenhuma barreira¿, raciocinou. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o álcool brasileiro paga atualmente uma sobretaxa de US$ 0,54 por galão ou US$ 0,14 por litro para entrar no mercado americano.

Rondeau ressaltou que, apesar de Brasil e EUA serem os maiores produtores mundiais de etanol - no caso dos americanos, produzido a partir do milho -, interessa aos dois países que o álcool seja produzido em outros países que também tenham condições para isso, como, por exemplo, nos da América Central.

Segundo ele, a maior disseminação da produção ajudaria a transformar o combustível em commodity, já que aumentaria a segurança no abastecimento. O ministro Rondeau observou que isso traria impacto positivo para o produtor brasileiro. ¿É importante para os empresários da área que essa barreira caia¿, disse Rondeau.

FRASES

Luiz Fernando Furlan Ministro do Desenvolvimento

¿Governos não negociam através dos jornais¿

Silas Rondeau Ministro de Minas e Energia

¿O etanol tem de ter tratamento como o do petróle