Título: Avenida Paulista vira praça de guerra em ato contra Bush
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2007, Nacional, p. A8

O que começou como uma manifestação pacífica para combinar comemorações do Dia Internacional da Mulher e protestos contra o presidente dos EUA, George W. Bush, acabou em confronto na Avenida Paulista, com pelo menos 17 feridos. Os milhares de participantes da Marcha Mundial das Mulheres - guiada pelo grito ¿fora, Bush¿ - entraram em choque com os pouco mais de 100 policiais que cuidavam da segurança no local. Segundo a Polícia Militar, cerca de 5 mil pessoas participaram do protesto em São Paulo - 15 mil nas contas dos organizadores.

O conflito começou quando os manifestantes resolveram ocupar as duas pistas da Paulista - a passeata deveria se restringir apenas ao sentido Consolação, mas o grupo decidiu invadir também a pista contrária. Manifestantes lançaram pedras sobre os policiais, que revidaram com bombas de gás lacrimogêneo e tiros com balas de borracha.

Segundo a PM, 16 policiais ficaram feridos e apenas uma manifestante saiu machucada. Atingida por uma bomba, essa mulher teve de ser levada a um hospital. Seis manifestantes foram presos por desobediência e lesão corporal. No balanço dos organizadores, houve entre 10 e 15 manifestantes feridos, a maioria com lesões leves. Carros de imprensa foram amassados e tiveram vidros quebrados - entre eles, dois do Estado, um da Rede Globo e um da Rádio Capital .

VIDRAÇAS QUEBRADAS

Houve protestos contra a visita de Bush por todo o País. No Rio, cerca de 400 manifestantes do PSOL, do PCB e do PSTU, além de estudantes secundaristas, apedrejaram o prédio do consulado dos EUA, que teve algumas vidraças quebradas. Faixas portadas pelos ativistas acusavam Lula de dar ¿a mão ao diabo¿, termo com o qual o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, costuma se referir a Bush.

Em Porto Alegre centenas de mulheres ligadas à Via Campesina fizeram protestos à tarde contra a expansão da cultura de eucalipto e a visita do presidente americano. Diante da agência do Citibank, elas se encontraram com estudantes e militantes do PSOL e do PV e queimaram um cartaz com a foto de Bush. Pela manhã, os estudantes já haviam ateado fogo a um boneco no centro da cidade.

Os manifestantes percorreram ruas centrais aos gritos de ¿fora já, fora já daqui, Bush do Iraque, Lula do Haiti¿, portando cartazes com fotos dos presidentes e a frase ¿Lula é amigo do diabo¿.

No Recife, cerca de 500 pessoas também queimaram um boneco de Bush e uma bandeira americana. Com cartazes que diziam ¿Bush assassino¿, ¿Bush, tire as patas do Iraque¿ e ¿Viva o Iraque¿, os manifestantes gritaram palavras de ordem. Integraram o protesto o MST, a Comissão Pastoral da Terra, partidos como PSTU, a CUT e secundaristas. ¿Investidores e o governo norte-americano não são bem-vindos ao Brasil¿, pregou o líder do MST Jaime Amorim. Em outro local do Recife, uma manifestação acabou em confronto com a PM. Três sem-terra foram presos e três pessoas saíram feridas. O grupo era composto de 200 integrantes do MST e da CPT.

Na frente do Hotel Hilton, onde Bush está hospedado , Janaína Bueno, que disse ser modelo e atriz, esperava a comitiva dos EUA na noite de ontem para protestar com o corpo pintado. Mas antes da chegada dele, ela foi abordada por PMs. No 96º Distrito Policial, foi feito termo circunstanciado por atentado ao pudor.