Título: Planalto esquece PT e empossa aliados como líderes no Congresso
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2007, Nacional, p. A12

No esforço de prestigiar partidos da base aliada no Congresso, o presidente Lula sacrificou o PT. Com um discurso rápido e uma cerimônia modesta na sala de audiências do Palácio do Planalto, Lula empossou ontem, oficialmente, os novos líderes governistas que farão a defesa de sua administração no Congresso. Coube ao PMDB e ao PTB o papel de destaque no colegiado, antes ocupado pelo PT. Além de confirmar o senador Romero Jucá (PMDB-RR) na liderança do governo no Senado, substituindo o petista Aloizio Mercadante (SP), Lula nomeou a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) líder no Congresso, prestigiando seu velho amigo e aliado no Senado, José Sarney (PMDB-AP).

A liderança governista na Câmara ficou com o deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE), que passa a ocupar o posto que foi do atual presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao longo do primeiro mandato. Ao PT coube apenas uma vice-liderança, entregue ao ex-líder do partido na Câmara Henrique Fontana (RS). O vice-líder Beto Albuquerque (PSB-RS) manteve-se no posto.

¿Espero que este quinteto aja com mãos de ferro à medida que tiver que defender os interesses dos projetos do governo no Congresso¿, disse o presidente Lula, logo depois que seu ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, anunciou o nome do time governista. Na platéia, apenas duas dezenas de líderes e dirigentes dos partidos aliados na Câmara e no Senado, entre os quais o presidente do PMDB e candidato à reeleição, deputado Michel Temer (SP).

A decisão de fazer uma solenidade simples com platéia reduzida foi tomada depois da ausência anunciada do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Magoado com o que considerou ¿traição¿ do governo na sucessão do PMDB, Renan negou-se a atender aos apelos de Roseana para que comparecesse ao Planalto e prestigiasse sua posse. Argumentou que se tratava de uma ¿posse de governo, um assunto interno do Planalto¿.

ESTRÉIA

Logo depois da posse, Lula fez sua primeira reunião com os líderes e deixou clara sua preocupação com o movimento da oposição para criar uma CPI destinada a investigar a crise do setor aéreo. ¿O governo não tem o que esconder e a Câmara pode tratar este assunto como bem entender¿, disse o presidente segundo os líderes.

Recomendou, no entanto, que todos ficassem alertas no sentido de evitar que o Congresso perdesse o foco naquilo que é fundamental ao País: a aprovação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E pediu um relacionamento mais estreito entre a Câmara e o Senado, para agilizar as votações.