Título: Furlan joga a toalha: 'Câmbio não vai mudar'
Autor: Fernandes, Adriana e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2007, Economia, p. B3

Antigo defensor de uma ação mais agressiva do Banco Central (BC) para conter a excessiva valorização do real em relação ao dólar, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, reconheceu ontem que não há condições de mudanças no nível atual da taxa de câmbio.

¿A nossa perspectiva é de que não há condições de ter mudanças no patamar da taxa de câmbio. O setor exportador foi se adaptando¿, afirmou o ministro, depois de tomar café da manhã, ontem, com o presidente da Alemanha, Horst Köhler.

Segundo Furlan, as exportações brasileiras continuam com vigor, mesmo com a taxa de câmbio em torno dos R$ 2,10 ou R$ 2,20. O ministro comentou que as exportações devem fechar o primeiro trimestre deste ano com desempenho acima das previsões do governo.

Segundo o ministro, a média diária das vendas externas na segunda e terça-feira desta semana ficou acima de US$ 500 milhões. ¿Quando definimos a meta de exportações para este ano em US$ 152 bilhões, traçamos o desempenho mês a mês. Em janeiro, ficou acima das nossas estimativas, fevereiro também e março já está caminhando para um pouco acima. Estamos muito tranqüilos nesse setor¿, comentou ele.

Furlan afirmou que tanto a quantidade quanto o preço dos produtos vendidos pelo Brasil no exterior estão em processo de alta. Além disso, destacou ele, há mudanças no mix de quantidade e preço.

O ministro citou o caso da indústria automobilística, que diminuiu a quantidade de veículos exportados, mas conseguiu aumentar o valor. ¿Porque estamos vendendo veículos com mais tecnologia e sofisticação¿, explicou.

O ministro observou que também as importações estão crescendo - em torno de 25% em relação ao ano passado - e há espaço na economia para que o ritmo de expansão das compras externas continue. Por enquanto, disse o ministro, não representam riscos para a balança comercial as turbulências na economia da China, que afetaram os mercados mundiais nos últimos dias.

TAXAS

Luiz Furlan se manifestou contrário à proposta apresentada na semana passada pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de taxar as exportações. ¿É preciso ter estabilidade na regra do jogo. Quando você convence uma empresa a fazer investimentos, tem que ter segurança na regra do jogo¿, disse ele.

O ministro também se disse contrário à redução da alíquota do Imposto de Importação (II), como defendem alguns economistas, para equilibrar o fluxo de entrada e saída de dólares no País.

Furlan disse que seria um péssimo momento fazer uma abertura comercial no meio de uma rodada de negociação na Organização Mundial de Comércio (OCM). ¿Sou favorável à abertura comercial, desde que tenhamos algo em troca¿, defendeu.