Título: Saída de Bevilaqua não muda nada no BC, diz Mantega
Autor: Fernandes, Adriana e Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2007, Economia, p. B6

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que nada muda na condução da política do Banco Central com a saída do diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua. Antigo crítico do excesso de conservadorismo de Bevilaqua, Mantega disse que o diretor tinha ficado muito tempo no BC e classificou a troca de ¿de rotina¿.

¿Nada muda. Quem define a política do Banco Central é o Conselho Monetário Nacional. O BC tem que continuar perseguindo a meta de inflação fixada pelo CMN. Tanto faz quem está lá.¿ Segundo ele, não haverá ¿afrouxamento nem endurecimento¿ na política monetária. Mantega acrescentou que as metas de inflação já estão estabelecidas e o BC está cumprindo sua missão adequadamente.

O ministro negou que haja relação entre a saída de Bevilaqua e o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2006, anunciado na quarta-feira. ¿É uma troca de rotina. Os diretores ficam algum tempo. Aliás, o Bevilaqua ficou até mais tempo que os demais.¿ Ele também negou que tenha comemorado a saída do diretor, um dos mais conservadores do BC. ¿Estou com cara de comemoração?¿

Em 2005, quando era presidente do BNDES, Mantega culpou Bevilaqua pelo baixo crescimento econômico. ¿Faz tempo. Eu era presidente do BNDES.Você sabe como eles são.¿

Defensor de queda mais rápida da taxa de juros, Mantega foi cauteloso ao falar sobre as críticas de excesso de conservadorismo do BC em perseguir a meta, já que as previsões do mercado financeiro apontam inflação de 3,91% este ano, abaixo do centro da meta de 4,5%. ¿Nunca vi inflação baixa ser problema.¿

Ele teve longa reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, anteontem à noite, quando estava sendo anunciada a saída de Bevilaqua. Ontem, voltou a se reunir, pela manhã, com o presidente.

Mantega garantiu que não têm ¿fundamento¿ os rumores de que de que o presidente do BNDES, Demian Fiocca, seria indicado por Lula para uma diretoria do BC. ¿Essa informação é equivocada. Ele não vai¿, afirmou o ministro, que jantou na quinta-feira com Fiocca, após a reunião com Lula. O ministro não quis adiantar o nome do substituto de Bevilaqua. ¿Isso vai ser decidido depois¿.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também procurou minimizar os desentendimentos de parte do ministério com o BC. ¿O presidente Lula reiterou várias vezes que o Banco Central tem autonomia no aspecto técnico. Não ficamos lá no dia-a-dia nos metendo na gestão da política econômica¿, afirmou.