Título: Brasil, EUA, Índia e UE retomam negociações
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2007, Economia, p. B11

Ministros do Brasil, dos Estados Unidos, da União Européia e da Índia se reúnem a partir de hoje, em Londres e Genebra, para tentar desbloquear as negociações da Organização Mundial do Comercio (OMC) e tentar salvar a Rodada Doha.

O momento é tão delicado que os diplomatas se recusam a informar o local das reuniões para dar ¿tranqüilidade¿ aos ministros, o que irritou representantes de países não convidados. Organizações não governamentais (ONGs) também condenaram essa atitude e pedem que Brasil e Índia recusem as condições dos países ricos.

A primeira rodada de negociações ocorre hoje e amanhã, em Londres, da qual vão participar apenas Índia, UE e EUA. O Brasil participará da reunião de segunda e terça-feira, em Genebra, que terá também o diretor da OMC, Pascal Lamy.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, terá encontros com o ministro do Comercio da Índia, Kamal Nath, para tentar evitar um racha no grupo de países emergentes, o G-20. O Brasil foi requisitado por americanos e europeus para convencer a Índia a aceitar as bases de um acordo agrícola.

Amorim ainda terá encontros com a representante de Comércio americano, Susan Schwab, e com o europeu, Peter Mandelson. As eleições de maio impedem que o governo francês aceite abrir mais o seu mercado agrícola, temendo perder o apoio dos agricultores.

Um dos principais obstáculos das negociações seria a rejeição dos EUA de reduzir seus subsídios agrícolas se a Europa não fizer um corte significativo em suas tarifas de importação. O Estado apurou que uma das estratégias dos negociadores é debater um teto para o volume de subsídios em cada produto que interessa ao Brasil, aos EUA, à Índia e à Europa.

Para diplomatas brasileiros, a OMC tem até abril para chegar a um acordo parcial, se quiser concluir a rodada em 2007. Isso porque a Casa Branca só tem autorização especial (TPA) para negociar até julho. Depois, terá de pedir uma nova TPA, que permite um acordo sem emendas do Congresso.