Título: Fim de pulsos pode elevar conta
Autor: Dantas, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/03/2007, Economia, p. B14

A mudança no sistema de cobrança da telefonia fixa poderá encarecer a conta do consumidor se ele não tiver uma noção clara de seus gastos. ¿Ele terá de ser cuidadoso no momento de optar pelo plano básico ou alternativo e se manter dentro da franquia de minutos escolhidas senão gastará muito mais¿, diz a coordenadora institucional do Pro Teste, Maria Inês Dolci.

Mesmo assim, na maioria das vezes, a conta, que passará a ser cobrada por minutos e não mais por pulsos, tenderá a aumentar. Para se ter uma idéia, uma ligação de 8 minutos por pulso pelo novo sistema terá um aumento de 159,56% no plano básico e de 49,40% no alternativo. Mas a regra geral, segundo o Pro Teste, é que quem fala menos será mais beneficiado com o plano básico e quem conversa muito no telefone com o plano alternativo, chamado Pasoo (Plano Alternativo de Serviço de Oferta Obrigatória).

A migração, iniciada anteontem e que se estenderá até julho, explica Dolci, já vem causando confusão. ¿As empresas de telefonia já começaram por meio de seu telemarketing a ligar para as pessoas e a oferecer seus planos, aproveitando a mudança¿, diz. Os funcionários do telemarketing ligam, dizem que já tem o perfil de gasto da pessoa e indicam um plano. ¿Só que esses planos deles não têm nada a ver com os definidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) , que são o básico e o Pasoo¿, diz. O que ocorre é que o consumidor fica confuso e decide por um plano sem saber direito se é o melhor para ele. ¿O pior é que ele estará amarrado a um contrato, que nem sempre é entregue e se ficar insatisfeito terá dificuldade para mudar depois para o básico ou Pasoo se ficar arrependido.¿ Ela lembra que o setor de telefonia é um dos mais reclamados nas entidades de defesa do consumidor. E uma das grandes queixas é a falta de informação e dificuldade de rescindir contratos.

Dolci explica que não é contra os chamados combos oferecidos pelas empresas de telefonia fixa que podem incluir combinações de uso da internet, TV por assinatura, celular, Skype e várias outras opções. ¿Tudo, é claro, depende das necessidades de cada um. Mas as pessoas devem estar atentas que, em geral, é fácil contratar e difícil desfazer esses contratos¿, diz. Por isso o ideal, observa, é esperar a migração da tarifação do pulso para o minuto - que ocorrerá aos poucos - para tomar uma decisão. Segundo o site da Telefônica, a migração em São Paulo vai acontecer entre 2 e 29 de julho.

Os dois planos, o básico e o alternativo terão uma taxa referente à assinatura. Mas a diferença é que o básico dá uma franquia de 200 minutos mensais e o o alternativo de até 400 minutos por mês. Ele é considerado interessante principalmente para quem fala muito e tem internet por linha discada. O consumidor já começou a receber uma carta das operadoras explicando como funcionam os dois planos para fazer sua escolha. Se não se manifestar será cadastrado no plano básico. Mas pela legislação, segundo o Pro Teste, poderá mudar de plano sem custo.

Os consumidores têm buscado alternativas à telefonia fixa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o celular estava presente em 59,3% das residências brasileiras em 2005, frente a 47,6% do telefone fixo. A Brasil Telecom e a Telemar oferecem um telefone híbrido, que combina fixo e móvel.

Para quem faz muitas ligações de longa distância, a telefonia via internet é uma boa opção. Ela depende, no entanto, de uma conexão de banda larga. O site Teleco, especializado em telecomunicações, registra 79 empresas que prestam o serviço no País. As chamadas de computador para computador saem de graça.

A Net e a Embratel oferecem o Net Fone, que fechou 2006 com 181,9 mil clientes. As concessionárias - Telefônica, Telemar e Brasil Telecom - passaram a apostar em pacotes que unem televisão, telefonia e internet, com descontos para quem compra todos os serviços.