Título: Presidente descarta hipótese de terceiro mandato
Autor: Rila, Luiz
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2007, Nacional, p. A4

Na parte da conversa em que discorreu sobre questões políticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou - de início com uma mínima ressalva, em seguida categoricamente - a possibilidade de disputar um terceiro mandato em 2010. Indagado pelos jornalistas sobre a hipótese, reagiu: ¿É muito improvável. É inexeqüível.¿ Os repórteres insistiram: ¿É improvável, mas não impossível?¿ O presidente foi, então, mais enfático: ¿Coloquem que é impossível. Seria brincar com a democracia. Não tem hipótese. Disputei dentro das regras e vou respeitar as regras.¿

Lula apontou como seu objetivo político de médio prazo ¿terminar o segundo mandato em condições melhores do que o primeiro e ter influência na eleição de um companheiro¿. Fechou o raciocínio com um comentário que pareceu uma estocada no antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que em 2002 teve presença escassa na campanha do então candidato do PSDB ao Planalto, José Serra: ¿Nada pior para um político do que ver que seus pares não querem vê-lo em cima do palanque.¿

O presidente insistiu que se julga agora, no segundo mandato, numa situação mais confortável do que antes: ¿Sinto uma boa vontade que não senti durante o primeiro mandato.¿ Ele admitiu ter ficado contrariado com o fato de as eleições de 2006 terem sido definidas apenas no segundo turno, mas diz haver concluído que esse fato foi ¿uma dádiva de Deus¿, ao permitir a aglutinação de forças antes dispersas. ¿Há casos de gente que trabalhou contra que acabou ficando a meu favor.¿

Não há pressa para realizar a aguardada reforma ministerial, repetiu Lula, observando que não conversou ainda com o presidente do PT, Ricardo Berzoini. ¿Vou conversar no sábado, no domingo, qualquer dia desses¿, disse. ¿Nunca estive numa situação tão favorável. Não há pressão. Estou à vontade.¿ De acordo com o presidente, seus aliados compreendem que é preciso haver espaço para todas as forças que apóiam o governo. ¿Eles podem pedir o que quiserem, mas sabem que a última palavra tem de ser do presidente, com base no interesse do País.¿

Segurança pública e educação, de acordo com Lula, serão os temais principais do encontro que terá com governadores na terça-feira. O presidente reconheceu, porém, que não deixará de falar sobre a reforma tributária. Para ele, o mais importante nessa área é estabelecer mudanças nas regras do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual. ¿Reforma tributária é como combate à fome: todo mundo fala dela, mas quase ninguém faz. Nesse caso, a parte dos governos estaduais ainda não foi feita¿, disse. ¿Não é possível pensar apenas no que cada Estado vai perder ou ganhar. Se o Brasil ganhar, todos os Estados vão ganhar.¿