Título: Para ele, falta compromisso de empresários contra o crime
Autor: Rila, Luiz
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2007, Nacional, p. A4

A iniciativa privada, na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, precisa assumir a responsabilidade de oferecer oportunidades à juventude, contribuindo dessa forma para tirá-la da criminalidade. ¿O que custa para a Volkswagen, por exemplo, contratar 50 jovens? O que custa para o Grupo Gerdau contratar dez jovens em cada uma de suas unidades? Nada¿, argumentou o presidente, ressaltando que seu objetivo é incutir uma idéia na cabeça dos empresários: ¿Eu também tenho responsabilidade, eu também posso ajudar.¿

Lula lembrou ter participado da inauguração de um call center em São Paulo - evento em que ouviu o testemunho de uma jovem funcionária da empresa Atento, do grupo Telefônica, sobre as perspectivas positivas abertas em sua vida a partir do momento em que conseguiu trabalho. ¿A sociedade tem mais jovens, como essa moça, interessados em crescer com honestidade, do que jovens como aqueles que arrastaram uma criança¿, disse ele, numa referência ao assassinato brutal do menino João Hélio Fernandes, ocorrido no Rio há três semanas. ¿É claro que há jovens desgarrados, no caminho da perdição, mas há muita gente pobre e bem encaminhada.¿

Ao menos uma iniciativa na área de educação foi citada pelo presidente como exemplo do que ele julga poder fazer para induzir os empresários a colaborar. Lula afirmou que faculdades particulares têm dívidas impagáveis com o governo, por falta de recolhimento de contribuições trabalhistas e de pagamento para a Previdência Social. ¿Vamos fazer com que elas paguem em bolsas de estudo¿, afirmou. ¿Que paguem formando doutores.¿

A idéia de que as faculdades inadimplentes paguem em bolsas de estudo será discutida hoje numa reunião que Lula terá com o ministro da Educação, Fernando Haddad. No encontro, também será apresentado ao presidente o pacote de medidas para a área social.

TRAGÉDIAS

Na avaliação do presidente, não há solução fácil para reduzir os altos índices de violência do País e, por isso, o poder público não deve tomar decisões com base em impulsos motivados pelas tragédias que vêm ocupando o noticiário. ¿O ser humano pode agir emocionalmente e ter o desejo de descarregar uma arma na cabeça de quem pratica certas barbaridades. Mas o Estado não pode agir assim¿, defendeu.