Título: Dados sobre Coréia são duvidosos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2007, Internacional, p. A12

Em outubro, a Coréia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear, resultado de décadas de trabalho para fabricar uma arma de plutônio. Mas, por quase cinco anos, o governo Bush, com base em dados da inteligência, acusou a Coréia do Norte de estar procurando, secretamente, fabricar uma bomba de urânio enriquecido. Segundo a inteligência, a Coréia do Norte teria comprado centrífugas para enriquecimento de urânio de um cientista paquistanês. Essa acusação, lançada pela primeira vez no final de 2002, levou ao rompimento de uma relação já bastante tensa. Os EUA cortaram as remessas de petróleo e os norte-coreanos responderam expulsando os inspetores internacionais e produzindo sua primeira bomba de plutônio (mais rudimentar do que a de urânio).

Mas, agora, funcionários da inteligência americana atenuaram sua posição e admitiram que há dúvidas sobre o quanto avançou, de fato, o programa de enriquecimento de urânio norte-coreano. Essa revelação levanta questões mais amplas sobre a habilidade das agências de inteligência de avaliarem o estado preciso dos programas de armas nucleares de outros países. No caso da Coréia do Norte, a primeira avaliação foi feita na mesma época em que o governo montou seu dossiê para comprovar a existência de armas de destruição em massa do Iraque que, no final, verificou-se que teve como base dados falsos da inteligência. Essa nova avaliação sobre a Coréia vem à tona em meio às acusações de que o Irã está tentando obter armas nucleares. NYT