Título: Pauta exclui Chávez, diz Amorim
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2007, Nacional, p. A4

Às vésperas da chegada do presidente George W. Bush ao Brasil, o chanceler Celso Amorim deixou claro que a visita não afastará o Brasil da Venezuela. ¿O Brasil não tem de discutir a situação interna de nenhum país¿, afirmou o ministro das Relações Exteriores, que ontem esteve em Genebra. A expectativa é que Bush fale sobre o governo de Hugo Chávez com Lula, já que o líder venezuelano se transforma no principal inimigo do presidente americano na região.

¿Bush terá de ver com clareza que a integração é muito importante para a região e a democracia do continente¿, observou Amorim. O ministro admite que a situação da região fará parte dos debates. ¿Mas por um prisma da integração¿, garantiu. ¿Não vamos `venezuelizar¿ o encontro de Bush e Lula. Não pretendemos fazer isso e não acredito que os americanos tenham esse interesse.¿

No último encontro entre Bush e Lula, em junho na Rússia, o presidente americano fez questão de falar sobre a Venezuela e pedir que o colega brasileiro atuasse para levar Chávez a adotar posições menos radicais e garantir a democracia.

Amorim não acredita na teoria de que Bush quer promover o etanol nas Américas para barrar a crescente influência de Chávez e seu petróleo. O ministro diz que a própria Venezuela já faz parte de grupos de estudo sobre o etanol na região. ¿Além disso, temos notícias de que a Venezuela fará 11 usinas de etanol usando bagaço da cana-de-açúcar produzida em Cuba.¿

Se na questão venezuelana o Brasil reforçou a posição de neutralidade, sobre o risco de fracasso da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), Lula instigará Bush a oferecer um corte maior dos subsídios que os EUA concedem aos agricultores.

A apresentação dessa nova oferta será a única saída para a conclusão de um pré-acordo sobre o capítulo agrícola da Rodada até o fim do mês.

O cumprimento desse prazo, por sua vez, é essencial para evitar o fracasso da negociação multilateral, lançada em 2001, e a conseqüente ruína da própria OMC. E é a chance de abertura dos mercados agrícolas mais desenvolvidos e de eliminação das medidas que distorcem o comércio.