Título: Lula cobra redução na taxa sobre etanol
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2007, Nacional, p. A4

Os impostos americanos sobre a importação do etanol brasileiro deverão ser um dos principais temas das conversas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega norte-americano, George W. Bush, em encontro na sexta-feira em São Paulo. Ontem, em seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente, Lula reclamou dos subsídios agrícolas dos americanos e das taxas de importação do etanol.

¿O que eu quero é o seguinte: se é para ter livre comércio, vamos ter livre comércio para que a gente tenha oportunidade de vender e comprar. Não tem sentido a alta taxa que os Estados Unidos impõem ao álcool brasileiro¿, disse o presidente durante o programa. Segundo ele, os mercados americano e europeu são ¿muito fechados¿ e têm ¿subsídios muito fortes¿.

¿O que nós estamos pedindo é que os Estados Unidos deixem de dar o subsídio que dão hoje e que a União Européia flexibilize a entrada de produtos do Terceiro Mundo. E que os países do G-20, do qual o Brasil, Índia e China fazem parte, flexibilizem produtos industriais em setor de serviços¿, afirmou. ¿Nós estamos dispostos a fazer nossa parte, desde que eles façam a parte deles. Eles falam muito em livre comércio, mas gostam de proteger os seus produtos.¿

A idéia do governo brasileiro é sugerir a redução da taxa para que o combustível possa ser exportado de forma mais competitiva. No entanto, os produtores de milho dos EUA e donos de usina de etanol acham que ainda não está na hora de o governo americano reduzir as barreiras ao álcool brasileiro. O próprio conselheiro da Segurança Nacional dos EUA, Stephen Hadley, adiantou ontem que, em sua passagem pelo Brasil, Bush não pretende propor nenhuma alteração nas tarifas. ¿Isso é um assunto do Congresso¿, esquivou-se (leia na página A5).

OMC

Conforme o Estado revelou ontem, o governo brasileiro pode levar o tema das tarifas de importação do etanol para as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Funcionários do Departamento Econômico do Itamaraty confirmaram que o governo espera tratar do assunto nos debates em Genebra para permitir que o combustível deixe de sofrer sobretaxas nos principais mercados.

A discussão sobre o etanol deve ser o centro das conversas de Bush com Lula. Brasil e EUA são responsáveis por 70% da produção mundial - a brasileira, a partir da cana-de-açúcar, e a americana, do milho. O governo americano pretende se associar ao Brasil no desenvolvimento do mercado e de novas tecnologias, mas o entendimento poderá esbarrar na questão dos subsídios agrícolas e das barreiras comerciais.

CHÁVEZ

Lula também aproveitou seu programa de rádio para refutar a idéia de que Bush estaria tentando estreitar os laços com o Brasil para neutralizar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na América do Sul. O presidente afirmou não acreditar que seu colega americano queira tratar desse assunto com ele. ¿Eu respeito a soberania de cada país. Eu acho que não há espaço para a gente discutir problemas de outros países além de discutir os nossos próprios problemas.¿

FRASES

Luiz Inácio Lula da Silva Presidente

¿O que eu quero é o seguinte: se é para ter livre comércio, vamos ter livre comércio para que a gente tenha oportunidade de vender e comprar. Não tem sentido a alta taxa que os Estados Unidos impõem ao álcool brasileiro¿

¿O que nós estamos pedindo é que os Estados Unidos deixem de dar o subsídio que dão hoje e que a União Européia flexibilize a entrada de produtos do Terceiro Mundo. E que os países do G-20, do qual o Brasil, Índia e China fazem parte, flexibilizem produtos industriais em setor de serviços¿

¿Nós estamos dispostos a fazer nossa parte, desde que eles façam a parte deles. Eles falam muito em livre comércio, mas gostam de proteger os seus produtos¿