Título: No Orçamento, região não é prioridade
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2007, Nacional, p. A5

A diplomacia do etanol é a grande esperança do governo do presidente George W. Bush para se reaproximar da América Latina, mas democratas acham que o esforço não será suficiente para reverter anos de desinteresse.

Na proposta de Orçamento do ano fiscal 2008 que Bush encaminhou ao Congresso, a verba total do Departamento de Estado para programas do Hemisfério Ocidental (incluindo assistência, ajuda tecnológica, militar, pesquisa e outros) é de US$ 1,6 bilhão.

Só para comparar, US$ 1,5 bilhão é o que os EUA gastam em cinco dias no Iraque. ¿O Orçamento não é uma grande prova do compromisso com a América Latina, ele dá uma idéia de quais são as reais prioridades do governo¿, diz Dan Restrepo, diretor do Projeto das Américas no Centro de Progresso Americano, think-tank de centro-esquerda.

¿O Egito recebe US$ 2 bilhões por ano do governo americano, enquanto a América Latina recebe US$ 1,6 bilhão¿, diz o deputado democrata William Delahunt. ¿Acho que isso não passa a mensagem correta, afinal o Egito tem um histórico de abusos contra os direitos humanos, restrições à liberdade de imprensa, tortura..., precisamos reavaliar nossas prioridades¿, completou.

COOPERAÇÃO

Numa apresentação para congressistas há duas semanas, logo após a viagem do subsecretário de Estado Nicholas Burns ao Brasil, integrantes do departamento afirmaram que o governo Bush pretende destinar cerca de US$ 15 milhões para o programa Brasil-Estados Unidos de cooperação em etanol.

Os recursos viriam do governo americano, da missão americana na Organização dos Estados Americanos (OEA), do Banco Interamericano de Desenvolvimento a Fundação ONU.

O dinheiro seria usado nas iniciativas de pesquisa, desenvolvimento, padrões, enquanto o investimento em infra-estrutura viria do setor privado e instituições multilaterais. ¿Trata-se de uma ótima iniciativa do governo, mas são necessários mais recursos para tirar o projeto do papel¿, afirma um assessor de um congressista.