Título: Desempenho só não foi pior porque indicadores dos EUA foram positivos
Autor: Vicentini, Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2007, Economia, p. B1

A semana começou turbulenta no mercado financeiro e deve manter o ritmo nervoso nos próximos dias , à espera de indicadores sobre as economias americana e chinesa. No pregão de ontem, as bolsas internacionais tiveram fortes desvalorizações e o resultado só não foi pior porque dados americanos agradaram aos investidores.

Por aqui, a situação não foi diferente: a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) terminou o dia em queda acentuada de 2,81%. Com esse resultado, a bolsa paulista já acumula prejuízo de 7,41% no ano. O risco Brasil, que mede a confiança dos investidores estrangeiros no País, subiu 1,50%, para 204 pontos.

As operações também foram afetadas pelo recuo das commodities internacionais por causa da expectativa de crescimento menor da China, explicou Daniel Gorayeb, analista de investimentos da Spinelli Corretora. Com isso, as ações da Vale do Rio Doce caíram 2,81%; as da Petrobrás, 1,72%; e as da Usiminas, 7,42%.

Em Nova York, a volatilidade foi intensa. Na abertura dos mercados, os índices Nasdaq e Dow Jones ensaiaram uma recuperação, mas não resistiram à pressão dos investidores e voltaram a operar no vermelho. O mau humor só foi contido porque os analistas conseguiram enxergar informações positivas dentro do indicador sobre atividade do setor de serviços, conhecido como ISM, afirmou a analista da Tendências Consultoria Integrada Alessandra Ribeiro. Segundo ela, apesar da queda, o índice mostrou uma desaceleração da inflação americana e aumento, embora modesto, do emprego.

Para hoje, os olhares dos investidores estarão voltados à divulgação de dados de produtividade dos Estados Unidos referentes ao quarto trimestre. A expectativa em relação a esse indicador não é positiva por causa da revisão do Produto Interno Bruto (PIB) na semana passada, disse Alessandra. O que significa mais pessimismo para o mercado. Além disso, está previsto um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, que sempre provoca apreensão no mercado. Isso sem contar a Assembléia Popular Nacional (APN), na China, que também tem atraído os olhares de todo o mundo. O encontro, que começou ontem, vai até o dia 16.

Por tudo isso, até agora os analistas não conseguiram responder à pergunta sobre a durabilidade da turbulência no mercado. Alguns seguem afirmando que se trata de um ajuste temporário, embora não arrisquem uma projeção sobre o fim do processo. Outros, no entanto, temem que a onda de vendas repita a correção de maio do ano passado entre as moedas emergentes.