Título: Mudança de cálculo vai afetar serviços
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2007, Economia, p. B10

As principais mudanças de cálculo no Produto Interno Bruto (PIB) serão em áreas de serviços que representam um terço da economia e deverão tornar mais voláteis as taxas de variação do PIB. As quatro áreas que sofrerão as maiores alterações serão administração pública, serviços financeiros, aluguéis e a nova divisão de 'serviços de informação', que incluirá telecomunicações e outras áreas não levadas em conta até então.

As contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) serão atualizadas, incluindo fontes de dados como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica, pesquisas anuais de serviços, comércio, indústria e construção civil e outras, como a Pesquisa Economia Informal Urbana. Com essa pesquisa, por exemplo, o IBGE vai divulgar com maior segurança resultados da economia informal, que, segundo o órgão, equivale a algo entre 10% e 12% do PIB.

Segundo o gerente de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, as alterações vão tornar mais difícil o trabalho de previsão sobre o crescimento da economia. No dia 21, serão divulgados novos valores e variações para os PIBs de 1995 a 2005. No dia 28, saem os dados de 2006 pela mesma metodologia. Segundo o economista da LCA Consultores Bráulio Borges, é 'praticamente impossível' recalcular os novos resultados da série do PIB.

Pelo menos dois segmentos do setor de serviços, administração pública e serviços financeiros, eram calculados com base em dados geralmente estáveis, que acabavam amortecendo as variações do PIB. Caso do crescimento demográfico, usado na conta dos gastos da administração pública. Sem a referência, a variação dessa parcela do PIB deve ser maior, para cima ou para baixo.

No lugar do crescimento populacional, passam a ser utilizados a evolução do pessoal ocupado para o cálculo das remunerações pagas pelo governo e índices de preços para a evolução do volume de gastos correntes.

Para serviços financeiros a conta era feita com base no crescimento médio da economia. Agora, a produção real do setor vai ser calculada excluindo a variação dos preços das tarifas financeiras. Um índice de preços também vai deflacionar a intermediação financeira.

A administração pública tem peso, hoje, de 15% do PIB e a intermediação financeira, de 6%. No caso dos aluguéis, que representam 10% do produto interno, passam a ser usados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios para o chamado 'aluguel imputado', o valor que representaria o aluguel de imóveis próprios.

O segmento de telecomunicações, atualmente centrado na telefonia fixa, passa a se chamar 'serviços de informação' e agregar itens como consultoria em hardware, software, agências de notícias, atividade cinematográfica, distribuição online de produção eletrônica.

NÚMEROS

2,9 % foi o crescimento do PIB brasileiro em 2006, anunciado pelo IBGE no dia 28 de fevereiro

3,6 % é a projeção atual do Ipea para o crescimento do PIB em 2007, feita em dezembro do ano passado

2,7 % foi o crescimento médio do Brasil de 1995 a 2006, superior apenas no continente americano ao dos demais sócios no Mercosul