Título: Ipea aumenta a projeção do PIB
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2007, Economia, p. B10
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aumentou sua projeção para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) este ano para um número superior a 3,6% e menor que 4%. O número exato será divulgado amanhã, com a publicação da edição deste mês do Boletim de Conjuntura do Ipea. A previsão que consta na edição anterior, de dezembro, é de 3,6%.
Ao adiantar a informação sobre a mudança na previsão do PIB, o economista do Ipea Fábio Giambiagi disse que o instituto poderá fazer nova revisão após a divulgação dos números do PIB com a nova metodologia desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No fim deste mês, será divulgada a variação do PIB com a metodologia nova. Pela atual, o PIB cresceu 2,9% no ano passado.
O economista entende que ainda não se deve considerar eventuais efeitos da crise nos últimos dias no mercado financeiro mundial nas projeções do PIB. 'Evidentemente, se tiver uma carnificina no mundo, as coisas podem mudar. Mas no momento me parece prematuro e até indevido fazer previsões de colapso da economia mundial.'
De 1995 a 2006, o Brasil cresceu em média 2,7% ao ano. Esse desempenho é superior no continente americano apenas ao dos demais sócios do Mercosul - Uruguai, Paraguai, Venezuela e Argentina -, segundo quadro apresentado por Giambiagi no seminário 'Cenários da economia brasileira e mundial em 2007', promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Somando a esse período a previsão para este ano, Argentina e Venezuela devem superar o Brasil, que ficará com a terceira pior média do continente, na frente apenas de Uruguai e Paraguai, segundo o economista.
O baixo crescimento do PIB nos últimos 12 anos é atribuído por ele ao nível também baixo do investimento em construção civil, máquinas e equipamentos, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). 'O investimento só alcançou o nível de 1980 no ano passado.' Mas, considerando o aumento do PIB acumulado desde 1980 até o ano passado, explicou, 'a taxa de investimento real hoje é muito inferior a de 1980'.
Giambiagi destacou que a FBCF tem crescido nos últimos anos, o que deve levar a um aumento da economia em geral. E ressaltou que a parte doméstica do PIB tem crescido. De acordo com ele, a variação do PIB em 2006 foi de apenas 2,9% porque, com o aumento das importações superior ao das exportações, houve uma contribuição negativa do setor externo ao PIB, de -1,4 ponto percentual.
'Acho que foi um erro de marketing político colocar tanta ênfase no indicador PIB em vez de, por exemplo, na absorção interna (consumo e investimentos). Alguém devia ter soprado: 'Presidente, o povo não come PIB'', disse Giambiagi.
NÚMEROS
2,9 % foi o crescimento do PIB brasileiro em 2006, anunciado pelo IBGE no dia 28 de fevereiro
3,6 % é a projeção atual do Ipea para o crescimento do PIB em 2007, feita em dezembro do ano passado
2,7 % foi o crescimento médio do Brasil de 1995 a 2006, superior apenas no continente americano ao dos demais sócios no Mercosul