Título: Comércio combate pobreza, diz Bush no Uruguai
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2007, Nacional, p. A4

O presidente George W. Bush criticou ontem os subsídios agrícolas, dizendo que está preocupado com as tendências protecionistas 'não apenas nos Estados Unidos , mas no mundo inteiro'. Em entrevista coletiva no Uruguai, na segunda parada de seu giro pela América Latina, Bush afirmou que 'o comércio é a melhor ferramenta para acabar com a pobreza'. Um dia antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao seu lado, defendera idéia semelhante.

As declarações do presidente americano foram feitas após encontro com o presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez, na Estância Anchorena, em Colônia, a cerca de 200 quilômetros de Montevidéu. Ele defendeu o livre comércio e afirmou que é necessário destravar a Rodada Doha - 'será complicado, mas é necessário', frisou.

Na sexta-feira, Lula afirmou que 'é preciso eliminar os desequilíbrios que ainda constrangem o comércio mundial'. Sobre Doha, acrescentou que 'todos podem sair ganhando com um acordo ambicioso e equilibrado, sobretudo os países mais pobres.' E reforçou: 'O comércio internacional no setor agrícola aumentaria, reduzindo a pobreza, gerando emprego e renda em países e regiões menos favorecidas.'

Na entrevista de ontem, Bush afirmou que o seu país está disposto a reduzir os seus subsídios agrícolas, mas deseja também assegurar acesso aos mercados. Ele destacou que está otimista quanto ao avanço nas negociações da Rodada Doha e espera um acordo global.

Bush preferiu ignorar os protestos promovidos na véspera, em Buenos Aires, por seu maior adversário na região, o venezuelano Hugo Chávez.

Vásquez, por sua vez, reforçou as suas queixas contra o Mercosul, defendendo mais liberdade para fechar acordos. 'Não queremos um processo de integração frechado, mas aberto. E que cada um dos seus integrantes possa exercer o seu direito soberano de desenvolver relações bilaterais.' Bush disse a Vásquez que os dois países devem avançar nas negociações de um modo 'cômodo' para ambos. Mas foi além, acrescentando que o Uruguai é um 'sócio natural'.