Título: Deportações são casos isolados, diz cônsul
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2007, Nacional, p. A21

O pai é naturalizado brasileiro, a mulher é paulista de Santo André e são acreanas as filhas de Oscar Antonio Camacho Cuellar, cônsul-geral da Bolívia em Brasiléia, na fronteira com o País de Evo Morales.

'De fato, quase sou um brasileiro', declara o diplomata de 40 anos, boliviano de Cobija, formado em Letras em Belém do Pará e ex-professor de inglês em Rio Branco, a capital do Acre. 'Devo muito ao Brasil.'

Desde junho de 2006 no cargo, ele tem a missão de apaziguar ânimos e evitar desavenças entre bolivianos e brasileiros nessa região onde os povos se misturam no vaivém pela ponte que liga Brasil e Bolívia. 'Tenho muito boas relações com a prefeita (Leila Galvão, do PT), com a Polícia Federal, com todo mundo. Não há mal-estar. Se eu posso ajudar, eu ajudo.'

Segundo ele, só dois brasileiros foram deportados nos últimos meses por extração ilegal de madeira. 'São casos isolados. Não existe esse negócio de dezenas de famílias forçadas a regressar ao Brasil.' Ele destacou que 40 famílias bolivianas vivem pacificamente em Brasiléia. 'São médicos, professores, dentistas, todos bem tratados.'

O cônsul é tão afeito aos usos e costumes do país onde estudou que não economiza gírias brasileiras. 'Minha primeira medida foi mudar o endereço do consulado, que ficava lá nos cafundó.' Evo Morales é seu ídolo maior. 'Ele está fazendo muita coisa boa para a Bolívia. Assim como o Lula faz pelo Brasil.'

Camacho aprecia a feijoada brasileira e o sajta, prato boliviano que leva frango ao molho com batatas grandes. No futebol, o coração pende para o Flamengo. 'Aí já sujou não é?', brinca.