Título: Bush aposta em agroenergia para se aproximar mais do Brasil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2007, Nacional, p. A4

Ao formalizarem, na sexta-feira, em São Paulo, a colaboração entre Brasil e Estados Unidos para a produção de etanol, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush começam um esforço conjunto por uma saída energética mais barata, que aumente as exportações brasileiras e diminua a dependência americana de petróleo.

Essa parceria nasce no momento em que muitos projetos já estão em andamento - seja no Brasil, onde usineiros sonham construir mais de 70 usinas nos próximos seis anos, ao custo de US$ 14,6 bilhões, ou em universidades americanas, onde se pesquisam outras formas de biocombustível à base de matérias-primas baratas, como a celulose do milho, grama e madeira. Otimista com esse cenário, Bush - que em seguida visitará Uruguai, Colômbia, Guatemala e México - quer levar a idéia a países da América Central e do Caribe.

Bem-sucedido no Brasil, onde responde por 45% do consumo total, o biocombustível alcança hoje cerca de 40 países do mundo, mas está longe de conquistar a Europa, que projeta, até 2020, uma modesta presença de 10% de etanol na gasolina. Ainda assim, americanos como o megaempreendedor Vinod Khosla, criador da Sun Microsystems, acreditam que a nova commodity 'vai movimentar mais de US$ 1 trilhão nos próximos 30 anos'.

Para os EUA, o acordo da sexta-feira e os contatos nos outros quatro países são uma grande chance para se redimir do abandono da América Latina durante seis anos. Mas em Brasília o chanceler Celso Amorim avisa: essa cooperação não vai alterar as prioridades Sul-Sul da diplomacia brasileira.