Título: Consumo pode crescer na Europa e Ásia
Autor: Morais, José Carlos Cafundó de
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2007, Nacional, p. A6
Encarado até recentemente com ceticismo por governos, empresas e consumidores, o uso do etanol como combustível está se tornando uma peça essencial da política energética e ambiental da União Européia. Incentivos fiscais para sua produção, distribuição e consumo já estão vigentes na maioria dos países do bloco. Produtores agrícolas estão adequando seus negócios para oferecer matérias-primas para a produção de etanol, enquanto um número crescente de investidores busca oportunidades no setor, dentro e fora da região.
Falar de um 'boom do etanol' na Europa parece exagero diante do pequeno consumo na região no ano passado, que foi de apenas 1,7 bilhão de litros, dos quais 300 milhões importados. Trata-se de 3,5% da demanda mundial, em torno de 50 bilhões de litros. Mas, segundo Christoph Berg, diretor-gerente da consultoria F.O. Licht, até 2020 o consumo europeu deve crescer mais de dez vezes.
No fim do mês passado, a Comissão Européia propôs que até 2020 os biocombustíveis representem compulsoriamente 10% do total de todo o combustível consumido no bloco. A proposta deve ser aprovada pelos líderes dos governos europeus num encontro na Alemanha ainda neste mês. A meta atual de Bruxelas, que foi estabelecida em 2003, prevê uma fatia de 5,75% para os biocombustíveis até 2012, está distante de ser alcançada e não é obrigatória. Uma nova mistura para a gasolina será regulamentada, permitindo a presença de até 10% de etanol - hoje, o limite é 5%.
Na Ásia, o forte crescimento econômico sinaliza que a tendência será parecida. A região consumiu 1,7 bilhão de litros no ano passado, com a China sendo responsável por 80% desse volume. As previsões para o ritmo de crescimento na produção e consumo asiático nos próximos anos variam entre 4% e 10%. Sem terra cultivável suficiente para abastecer o inevitável salto na demanda, a China, a exemplo do Japão, deve elevar acentuadamente suas importações nos próximos anos.
'Após europeus e americanos, agora será a vez de os asiáticos buscarem parcerias e investirem no Brasil e em outros países produtores de etanol mais barato', disse Berg. A produção de etanol está também atraindo investimentos na Índia e em nações africanas, como a Nigéria e a África do Sul.