Título: 40 países usam etanol em carros
Autor: Morais, José Carlos Cafundó de
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2007, Nacional, p. A6
Cerca de 40 países de todas as regiões (exceto do Oriente Médio) já adotaram ou estão em fase de adotar a mistura de etanol à gasolina, em porcentuais que variam de 2% a 10%. Juntos, esses países produzem anualmente cerca de 35 milhões de veículos.
'Há uma perspectiva fantástica de crescimento do uso do etanol', afirma Alfred Szwarc, consultor da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica). Até agora, o consumo mundial do etanol (49,6 bilhões de litros no ano passado) é 'uma gota no oceano' diante do consumo anual de 1,2 trilhão de litros de gasolina, assinala ele.
O Brasil conseguiu, até agora, substituir 45% do mercado de gasolina pelo biocombustível. 'É o país com maior representação de combustível alternativo na matriz energética', afirma Szwarc. Nos EUA, não chega a 3% do consumo.
A mudança na matriz energética brasileira começou em 1975, quando o preço internacional do petróleo disparava e o Brasil criou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), dando subsídios à produção. Depois de uma década, 90% dos carros saíam das fábricas com motor a álcool.
Após tropeços no programa, quando usineiros preferiram produzir açúcar e as bombas dos postos ficaram secas, o uso do álcool ficou restrito a menos de 1% dos carros novos. Renasceu em 2003, com o lançamento dos motores flex fuel, que rodam tanto com álcool quanto com gasolina.
O Brasil tem cerca de 4,2 milhões de carros movidos a biocombustível, de um total de 21 milhões de veículos em circulação. A frota verde deve mais que triplicar até 2013 e chegar à casa dos 15 milhões, a maioria de modelos flex fuel.
Da frota alternativa hoje, 2,74 milhões são flex, ou seja, rodam com álcool ou gasolina. Desse total, entre 70% e 80% são abastecidos com etanol, calcula a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O restante são carros mais antigos, com motores só a álcool. Pelas contas da Anfavea, em seis anos o Brasil terá frota total de 29 milhões de veículos, dos quais pouco mais da metade terão motores flex, superando a frota dos carros a gasolina. 'Enquanto a frota brasileira vai crescer 34%, os modelos flex terão aumento de mais de 400%', diz o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.
O Brasil ainda é o único país em que veículos usam 100% de álcool nos tanques. Paralelamente, o País adotou a mistura do produto à gasolina, em porcentual que varia de 20% a 25%. Em janeiro deste ano, 82% dos carros novos vendidos no País eram bicombustíveis. O porcentual de participação deve se estabilizar na casa dos 90% nos próximos anos, calcula Henry Joseph Jr., da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea. Uma parte da frota, de importados, continuará com motor a gasolina. Os caminhões vão usar de 2% a 5% de biodiesel.
Para o coordenador do Grupo Etanóis do Instituto de Engenharia da USP, Luiz Celio Bottura, o biocombustível será a ponte entre a tecnologia atual, do motor a combustão, e a do futuro, do motor elétrico, ainda em desenvolvimento para escala comercial.