Título: Reeleito, Temer quer apoio de Lula a nome do PMDB em 2010
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2007, Nacional, p. A5
O PMDB reelegeu o deputado Michel Temer (SP) presidente do partido ontem, em uma convenção nacional sem disputa, marcada pela defesa da candidatura própria à presidência da República em 2010, de preferência com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Temer assumiu seu terceiro mandato no embalo das declarações feitas na véspera pelo ex-ministro José Dirceu (PT), admitindo que o candidato da coalizão governista à sucessão de Lula poderá não ser um petista.
¿Minha tarefa é preparar o PMDB para uma candidatura presidencial alicerçada pelos partidos aliados, como representante da coalizão¿, disse Temer, consagrado vitorioso em chapa única, com 598 dos 602 votos. Dois convencionais anularam voto e dois outros votaram em branco. ¿Fulanizar agora é um equívoco, mas que nós temos que ter candidato a presidente não há a menor dúvida¿, disse o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), ao destacar que o candidato deverá ser fruto da coesão partidária ¿e não de uma disputa interna, como ocorreu no passado recente¿, em referência ao ex-governador Anthony Garotinho.
Fora dos microfones, no entanto, a preocupação era outra. Inconformados com a possibilidade de o PMDB da Câmara ficar só com um ministro - o comando da Integração Nacional para o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) já é dado como certo - deputados dos vários Estados já cobravam de Temer que leve hoje a Lula a reivindicação da bancada pelo segundo ministério. ¿O presidente tem que entender que, se não for assim, ele não terá sossego na Câmara¿, resumiu um dos mais experientes representantes da bancada de 92 deputados.
A parceria entre PMDB e PT foi reforçada ontem pela presença do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que prestigiou Temer com um discurso aos convencionais. ¿Acredito que esta convenção dará sangue novo ao partido, em uma nova fase do País. Viva o PMDB!¿, disse, sob os aplausos de cerca de 1.500 peemedebistas que ocuparam o auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. ¿Pessoalmente, eu só tenho a agradecer à bancada do PMDB. Vamos honrar nossos compromissos¿, completou, referindo-se ao acordo pelo qual o PT deverá apoiar um peemedebista para sucedê-lo daqui a dois anos.
As manifestações dos petistas agradaram ao PMDB. ¿A fala de Dirceu e o discurso de Chinaglia são fatos importantes para solidificar a relação entre os dois partidos, e quebrar desconfianças¿, avaliou Geddel. Saudado por todos como ¿nosso ministro¿, após o próprio presidente Lula ter lhe acenado com o ministério da Integração Nacional, Geddel foi o mais assediado pelos convencionais.