Título: 'A resposta dos mercados ao ajuste na Bolsa de Xangai foi exagerada'
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2007, Economia, p. B1

A China avisou que não pode ser responsabilidade pelos choques que os mercados financeiros no Brasil e em outros países emergentes sofreram nas últimas duas semanas por causa dos movimentos no mercado de ações em Xangai. O recado foi de Wu Xiaoling, vice-presidente do banco central da China.

Para ela, a resposta dos mercados nas economias emergentes em relação ao ajuste na Bolsa de Xangai há duas semanas foi exagerada. 'O impacto da China em países como o Brasil está sendo superestimado', afirmou a chinesa em resposta a uma pergunta do Estado.

A vice-presidente participa desde ontem da reunião na Basiléia do Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais) e será pressionada pelas demais autoridades monetárias a fazer uma avaliação do cenário chinês e futuras iniciativas do governo de Pequim.

Para os banqueiros, o tema central do encontro será a turbulência iniciada há duas semanas pelos ajustes na Bolsa de Valores de Xangai e, principalmente, as dúvidas relacionadas à sustentabilidade do crescimento americano.

Além dos bancos centrais da Europa, Japão e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o encontro conta com a presença dos BCs de alguns países emergentes, como Brasil, Argentina, Turquia e Índia.

Pequim, porém, chegou ao encontro na Basiléia com um discurso pronto para tranqüilizar o mercado mundial e apontar que o país continua a fazer reformas para fortalecer seu sistema financeiro.

No final de fevereiro e início de marco, um ajuste nas ações chinesas atingiu de forma dura não apenas Wall Street, mas também os papéis de países emergentes. No total, US$ 3,3 trilhões desapareceram das bolsas em poucos dias.

COINCIDÊNCIA

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve sua maior queda desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. 'Não há por que ter a reação que se viu nos últimos dias', disse a vice-presidente. 'Ficou claro que houve um exagero da influência dos mercados de ações da China na economia internacional', argumentou.

Questionada sobre como explicava a queda no mercado acionário em várias partes do mundo, a vice-presidente do banco central chinês somente respondeu: 'Foi apenas uma coincidência.'