Título: Acordos não podem afetar produção dos EUA, diz Obama
Autor: Campos Mello, Patrícia
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2007, Nacional, p. A10

O senador democrata Barack Obama, um dos favoritos na campanha presidencial dos Estados Unidos, criticou na quinta-feira o acordo de cooperação em etanol entre o Brasil e os Estados Unidos. ¿O relacionamento entre Estados Unidos e Brasil não pode atrapalhar a produção doméstica de combustíveis renováveis ou o desenvolvimento de novas tecnologias aqui em casa¿, disse Obama, que é senador por Illinois - Estado que detém o posto de segundo maior produtor de milho dos EUA, atrás apenas de Iowa, do protecionista senador charles Grassley. O etanol nos Estados Unidos é produzido a partir do milho.

¿Em relação à busca de nosso país por independência energética, substituir petróleo importado por etanol brasileiro não serve aos interesses de nossa segurança nacional¿, afirmou Obama. O senador também foi um forte defensor da lei aprovada em dezembro do ano passado que prorrogou, até 2009, as tarifas de importação de US$ 0,54 por galão ( 3,78 litros) de etanol brasileiro.

SEGURANÇA

Segundo Obama, aqueles que defendem a substituição de biocombustíveis produzidos nos EUA por etanol brasileiro não compreendem os desafios de longo prazo da segurança energética. Ele se refere a propostas que circulam pelo Congresso para flexibilização das cotas sem tarifa e redução gradual dos impostos de importação.

Uma dessas propostas é do senador republicano Richard Lugar, que reagiu ontem aos comentários de Obama. ¿Nossos esforços para promover combustíveis alternativos e reduzir a dependência do petróleo vão ter melhores resultados se tivermos fortes parcerias no exterior, e o presidente Bush deu um primeiro passo importante nessa direção¿, disse ele, em comunicado distribuído por sua assessoria.

Entre os pontos em estudo pela equipe de Lugar estaria uma redução da tarifa de importação de etanol. Na legislação, seria proposta uma redução escalonada na tarifa antes de ela vencer, em 2009, ou a extinção do imposto após o vencimento.

A equipe do senador também estuda aumentar as cotas de exportação sem impostos da Iniciativa da Bacia do Caribe (CBI, na sigla em inglês). Hoje , países da América Central e Caribe que fazem parte da CBI podem exportar o equivalente a 7% do volume de produção de etanol nos Estados Unidos. O Brasil tira proveito do CBI, exportando via Jamaica, por exemplo. Na legislação a ser apresentada no Congresso, pode haver uma proposta de aumento do tamanho da cota sem impostos do CBI, de até cerca de 10% da produção doméstica americana. Também pode ser proposto um aumento da porcentagem da mistura de etanol na gasolina americana, hoje de 10%.