Título: Indicador dos EUA alivia mercado
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2007, Economia, p. B1

Os dados relativos ao mercado de trabalho americano em fevereiro, divulgados ontem, deram alívio às bolsas de valores mundiais, mas não dissiparam de vez os temores em relação à saúde da maior economia do planeta. Nesse cenário de incerteza, dizem analistas, a volatilidade continuará imperando no dia-a-dia dos mercados.

O chamado payroll mostrou que 97 mil empregos foram criados nos Estados Unidos em fevereiro. Os analistas projetavam 100 mil. O relatório do Departamento de Trabalho mostrou também que a taxa de desemprego no país recuou de 4,6% para 4,5%. O ganho médio por hora trabalhada expandiu-se 0,35%, ante previsão de 0,30%.

As bolsas reagiram positivamente às informações, ainda que sem euforia. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) subiu 1,54%, o Índice Dow Jones avançou 0,13%, a Bolsa de Paris teve alta de 0,25% e a de Londres, de 0,28%. ¿Os números do payroll preocupam do ponto de vista da inflação, mas não de recessão, que é o maior temor do mercado¿, definiu Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.

Na avaliação de analistas, os dados revelam que o mercado de trabalho americano continua aquecido, apesar de uma leve desaceleração em fevereiro. Na prática, isso significa salários em alta, que, por sua vez, pressionam a inflação. ¿Esse relatório sugere que, dado o mercado de trabalho apertado e os fortes ganhos de salários, o consumidor provavelmente terá a capacidade de continuar sendo o motor do crescimento, mesmo com ventos contrários nas moradias¿, explicou Drew Matus, economista do Lehman Brothers.

Para Zeina Latif, economista do Banco ABN Amro Real, o payroll de fevereiro afasta a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mexer na taxa de juros em breve. ¿Os números não dão motivo para uma elevação, mas tampouco justificam um corte.¿

Jason Vieira, economista da UpTrend Consultoria, acredita que a taxa de juros americana continuará no nível atual (5,25% ao ano) por um bom tempo. ¿Mas, no fim do ano, o Fed terá de fazer uma elevação¿, aposta. ¿Estou no time oposto ao de Alan Greenspan (ex-presidente do Fed). A inflação em alta é uma ameaça maior do que a recessão¿, afirmou.

AGENDA QUENTE

Na semana que vem, os investidores continuarão atentos aos indicadores da economia americana. Os mais importantes são os das vendas no varejo referentes a fevereiro, que sai na terça-feira, e dois índices de inflação: o PPI, que mede a variação de preços no atacado, na quinta-feira, e o CPI, relativo aos preços do varejo, na sexta-feira.

Num momento de incertezas como o atual, afirmam os analistas, qualquer número muito diferente das projeções pode levar os mercados - especialmente o de ações - a uma nova rodada de perdas.