Título: Sindicalistas atacam concessões a ricos na OMC
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2007, Economia, p. B4

Sindicatos de 153 países pedem que Brasil e outras economias emergentes não façam concessões no setor industrial para impedir que a abertura da economia provoque desemprego. O apelo foi feito ontem em um comunicado assinado também pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Segundo os sindicalistas brasileiros, as exigências dos Estados Unidos e da Europa na Organização Mundial do Comércio (OMC) poderiam eliminar até 2 milhões de postos de trabalho no Brasil.

Os representantes da CUT também estiveram reunidos com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, para fazer o mesmo alerta. Na avaliação da entidade, os empregos que serão criados numa eventual abertura dos mercados agrícolas para as exportações brasileiras não serão suficientes para compensar perdas no setor industrial se as propostas dos Estados Unidos e Europa forem acatadas nas negociações da Rodada Doha da OMC.

O argumento é de que haverá mais postos de trabalho eliminados com uma liberalização no setor industrial do que o número de empregos criados na agricultura. Os países ricos pressionam os mercados emergentes na OMC para que abram seus mercados a produtos industriais como forma de pagamento pelas concessões no setor agrícola. A negociação, porém, vive um momento de impasse, já que os países ricos estão evitando oferecer aberturas de seus mercados que signifiquem um real aumento das exportações brasileiras ou de outros países emergentes.

Para os sindicatos reunidos em Genebra, os países em desenvolvimento já fizeram concessões nos anos 90 durante a Rodada Uruguai. ¿Naquela época, perdemos 3 milhões de postos de trabalho com a abertura na economia brasileira¿, disse um representante da CUT.

Desta vez, o chanceler Celso Amorim deixou claro que o governo pretende criar linhas de crédito para financiar os setores que serão afetados pelo corte de tarifas de importação. O plano está sendo discutido com o Ministério da Fazenda. Para os sindicalistas, as promessas não são suficientes. Uma das críticas é de que o governo não está sendo transparente em relação ao que está disposto a oferecer aos países ricos.