Título: PMDB ganha espaço no segundo mandato e comandará 5 pastas
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2007, Nacional, p. A4
O PMDB conseguiu mais do que esperava do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vai sair da reforma ministerial com a cota de poder ampliada de três para cinco ministros. Além de Comunicações e Minas e Energia, contabilizados como quinhão do Senado, a bancada da Câmara conseguiu vaga para dois deputados na Esplanada dos Ministérios e ainda concordou em apadrinhar a nomeação do médico fluminense José Gomes Temporão, mantendo a pasta da Saúde. Deverão tomar posse, já na manhã desta sexta-feira, os deputados Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), à frente da Integração Nacional, e Odílio Balbinotti (PMDB-PR), que é o maior produtor individual de semente de soja no Brasil, no comando da Agricultura.
¿Foi um resultado espetacular¿, resumiu o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), a um dirigente da legenda ontem à noite, revelando-se ¿positivamente surpreso¿ com o produto da conversa de 50 minutos que tivera com Lula, em companhia do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). A articulação da dupla começou há mais de um mês, quando Henrique Alves foi eleito líder por toda a bancada de 93 deputados, e ganhou força com a reeleição de Temer, em convenção nacional no último domingo, à revelia do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador José Sarney (PMDB-AP). O governo não acreditava em uma vitória desse porte.
O presidente do PMDB deixou o Planalto afirmando que seu partido fora ¿integralmente atendido¿ e garantindo que ¿a coalizão dará tranqüilidade ao governo¿ no Congresso. A idéia é dar a primeira demonstração dessa unidade em torno de Lula na votação do pedido de suspensão da CPI do Apagão Aéreo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O presidente foi avisado de que, além do relatório do deputado Colbert Martins (PMDB-BA) pelo arquivamento da CPI, o governo terá a seu favor os demais 14 votos do PMDB na CCJ. ¿Temos 15 membros na CCJ, todos trabalhando pelo governo¿, disse Henrique Alves.
Temer falou a Lula que o partido reconhecerá como seus, indistintamente, os cinco ministros. A composição do segundo escalão não foi tratada.
SENADO
Lula abriu a conversa de ontem com os peemedebistas falando da importância da coalizão para o segundo mandato e para o partido e destacando a ¿enorme força política¿ de um PMDB unido. Temer lembrou que a demonstração da unidade do partido havia sido dada na convenção de domingo e, diante da preocupação presidencial com a briga interna entre Câmara e Senado, minimizou o conflito: ¿O senhor fique despreocupado, porque logo resolveremos essa dificuldade no Senado¿.
Caso o governo não tivesse condições de equiparar a cota da Câmara à do Senado, que tem dois ministros, os deputados preferiam ficar fora do ministério, em posição de independência em relação ao governo.
Agora, o mal-estar está mais centrado na relação com Renan. Tanto que, antes da audiência, Sarney telefonou para Henrique Alves para desmentir qualquer movimento seu para atrapalhar a negociação dos ministérios para os deputados.