Título: Mercados voltam a subir, mas ainda temem volatilidade
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2007, Economia, p. B1
Em um dia marcado por intensas oscilações, as bolsas de valores subiram nos Estados Unidos e animaram investidores nos mercados das Américas. Por causa do fuso horário, as bolsas da Europa e da Ásia ainda refletiram o péssimo humor da terça-feira.
O Índice Dow Jones fechou em alta de 0,48% e a Nasdaq avançou 0,90%. O Índice Bovespa valorizou-se 1,26%, a Bolsa de Buenos Aires subiu 1,06% e a do México, 0,49%. Segundo analistas, a recuperação das bolsas deveu-se à melhora momentânea de percepção sobre o mercado de crédito imobiliário americano voltado para pessoas com histórico de inadimplência, conhecido como subprime.
Para muitos, o problema não tem porte para derrubar a economia americana e, por extensão, mundial. 'Não penso que teremos um efeito de contágio generalizado em todos os mercados', disse ao Estado Gary Cohn, presidente mundial do banco Goldman Sachs (ler mais na pág. B4).
Os especialistas alertam que a volatilidade vai continuar, sobretudo por causa dos temores em relação ao desaquecimento da economia dos EUA. 'O mercado está perdido, tentando encontrar uma tendência', disse Maristela Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra.
O Índice Dow Jones chegou a operar abaixo de 12 mil pontos pela primeira vez desde o início de novembro de 2006 (no fechamento, registrou 12.133 pontos). No pior momento do dia, o Ibovespa perdeu 1,63% e se aproximou dos 42 mil pontos (no encerramento dos negócios, estava em 43.288 pontos).
Grande parte da melhora ocorreu após o banco Lehman Brothers informar que suas posições em hipotecas do segmento subprime estão bem protegidas e representam pequena contribuição para suas receitas. O Lehman é o segundo maior comprador de hipotecas que são transformadas em títulos vendidos aos investidores dos Estados Unidos. Além disso, concede créditos residenciais e financia companhias do setor.
'O mercado está tentando digerir tudo o que está ocorrendo aqui, mas o subprime em si não é um grande evento na economia', garantiu Chris O'Meara, diretor financeiro do Lehman.
As ações de bancos e construtoras lideraram as altas de ontem na Bolsa de Nova York. Os papéis do Bear Stearns, maior concorrente do Lehman em hipotecas, subiram 1,62%, após recuar 3,1% terça-feira. As ações da D.R. Horton, maior construtora dos EUA por valor de mercado, avançaram 2,20%.
Nas próximas semanas, os investidores continuarão atentos à evolução do mercado imobiliário americano e aos indicadores de atividade econômica do país. 'O que preocupa, mesmo, são os dados que servem de termômetro para a economia', disse Felipe Balaban, da Corretora Unibanco. Hoje, o destaque da agenda é o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês).