Título: Mantega antecipa meta de 4,5% para a inflação de 2009
Autor: Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/03/2007, Economia, p. B5
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, antecipou-se à decisão que o Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá tomar em junho e anunciou ontem que a meta de inflação de 2009 será de 4,5%, a mesma fixada para este ano e para 2008. 'Tem analista que acha que a meta deve ser de 4%. Eu não acho. Acho que nós devemos continuar com 4,5%', disse ele, pouco antes de audiência com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie.
O ministro destacou ainda que a meta para 2008 permanecerá em 4,5%. Se prevalecer a posição da Mantega, o Brasil passará a ter a mesma meta de inflação por cinco anos consecutivos. O CMN é formado também pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Para Mantega, a taxa de inflação de equilíbrio no Brasil é de 4,5% ao ano. 'Agora, se puder ser menor, melhor. Desde que não sacrifique o crescimento.' Ele disse que sua preocupação é evitar a fixação de metas muito ambiciosas. 'Se eu disser que vamos fixar uma meta de 2%, não vai ser possível (cumprir). O Banco Central (BC) teria de fazer um esforço tamanho, com uma taxa de juros tão alta, que não teríamos crescimento da economia.' Ele lembrou que, no passado, o País chegou a ter uma meta de inflação de 3%, que acabou tendo de ser revista para cima.
MAL-ESTAR
Mantega procurou desfazer o mal estar provocado pela declaração que fez no Senado, na terça-feira, quando afirmou que o Banco Central deveria focar no centro da meta de inflação - e não na sua banda inferior - para poder ser menos conservador na administração dos juros. 'O que eu quis dizer é que o BC deve perseguir essa meta porque ela foi pensada pelo governo e pelo CMN como a meta que permite conciliar uma inflação sob controle e um crescimento maior da economia.'
Ele destacou, porém, que não descarta a possibilidade de a inflação ficar abaixo dos 4,5%, como mostram as projeções do mercado financeiro. Para Mantega, o ideal seria o Brasil ter uma inflação suíça (de 1% ao ano) e um crescimento chinês (de 10%). 'É claro que é difícil. Então é preciso que a inflação e o crescimento estejam mais equilibrados.'
Já o ministro Paulo Bernardo preferiu elogiar o trabalho do BC na busca do cumprimento da meta de inflação. Ele afirmou que a necessidade de diminuir os juros é um consenso nacional, mas ressaltou que o controle da inflação também é importante e beneficia justamente quem tem renda mais baixa. 'Temos de ouvir e ter equilíbrio nessa discussão. Temos de destacar o excelente trabalho do Banco Central', disse Bernardo, depois de participar de um debate na Câmara dos Deputados.
Na visão de Mantega, há duas razões para o Brasil ter uma inflação de equilíbrio de 4,5%. A primeira é o fato de o País ser um exportador de commodities, que entram na formação dos preços. O segundo fator são os preços administrados, que jogam a inflação brasileira para níveis mais elevados.