Título: 'Invasão' não foi bem-recebida pelo governo
Autor: Guimarães, Marina e Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2007, Economia, p. B6

Consumidores argentinos não se incomodam com a propriedade das empresas. Eles querem produtos de qualidade e bom preço. Mas o presidente Néstor Kirchner não vê com bons olhos ¿a invasão brasileira¿. Ao contrário da recepção exultante da Argentina aos capitais estrangeiros nos anos 90, a instalação das empresas brasileiras não foi um mar de rosas.

A crise de 2001-2002 deixou a Argentina em bancarrota. Os empresários locais, endividados, com o mercado interno encolhido e enfrentando inúmeros conflitos sociais e incertezas políticas, preferiram se desfazer de suas indústrias. Os capitais americanos e europeus, assustados com o cenário turbulento, não quiseram investir na conturbada Argentina.

Os únicos que se arriscaram - até por possuírem experiência sobre como navegar em tempestades e esperar a bonança - foram mexicanos e brasileiros. Estes últimos protagonizaram compras de grandes empresas que eram ícones da indústria argentina.

Houve resistência de alguns grupos. O economista Alejandro Ovando Sica, da consultoria Investigações Econômicas Setoriais (IES) diz que a ¿resistência foi natural pois eram empresas de famílias tradicionais¿, como Fortabat (Loma Negra), Perez Companc (Pecom), Acevedo (Acindar), Bemberg (Quilmes) e Olivas Funes (Swift).