Título: No Brasil, presença dos vizinhos é restrita
Autor: Guimarães, Marina e Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2007, Economia, p. B6

Maior empresa argentina instalada no Brasil, a fabricante de doces Arcor vai inaugurar em maio a quinta fábrica no País. A nova unidade será instalada no Recife. Foram mais de US$ 40 milhões em investimentos no projeto, que levou dois anos para ser concluído e terá 350 trabalhadores.

O grupo, com 3.700 funcionários, faturou no ano passado R$ 815 milhões. As fábricas brasileiras exportam para mais de 100 países, entre os quais Estados Unidos, China e Grécia.

No entanto, exemplos de grandes companhias argentinas no Brasil são raros, diz o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Alberto Alzueta.

Segundo Alzueta, não há levantamento sobre a atuação das empresas argentinas no Brasil, mas certamente a maioria é de médio e pequeno portes. Além disso, são investimentos pulverizados. Um deles, que vem crescendo nos últimos anos, é o de empresas de conversão de motores para uso do gás em veículos .

A Arcor chegou ao Brasil em 1981, ao adquirir a Nechar Alimentos, que hoje produz 300 toneladas por dia em balas, pirulitos e goma de mascar. Desde então, o grupo construiu fábricas em Bragança Paulista (SP), Campinas (SP) e Contagem (MG), e prepara a inauguração da filial do Recife.

Em 2004, o grupo fez uma joint venture com a Danone no ramo de biscoitos no Brasil, Argentina e Chile. Com a fusão, incorporou mais duas fábricas no País.

VANTAGEM DO CÂMBIO

Alzueta vê como positiva a liderança de empresas brasileiras em alguns setores na Argentina. ¿Essa é a integração que queremos ver, pois mais importante que exportar do Brasil é estar na Argentina.¿

Ele lembra que, além do crescimento econômico maior que o do Brasil, a Argentina tem como vantagens o câmbio - pois sua moeda não está valorizada em relação ao dólar - e a carga tributária inferior à brasileira.

¿Não vejo um movimento de investimentos tão sólido da Argentina para o Brasil¿, confirma o economista Jorge Vasconcelos, da Fundação Mediterrânea, da Argentina.

Na opinião do economista, porém, as pequenas e médias empresas argentinas são mais dinâmicas que as brasileiras, estimuladas pelos juros negativos em relação à inflação.

De acordo com Vasconcelos, as empresas argentinas são mais baratas que as brasileiras, o que explica o desembarque de capitais naquele mercado.

As empresas que são cotadas na Bolsa local têm se valorizado de forma importante nos últimos 12 meses, com alta em dólares do índice Merval próximo a 20%.