Título: PMDB defende 'porteira fechada', mas Lula resiste
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2007, Nacional, p. A4

O PMDB sai da reforma ministerial com cinco representantes na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não levará as pastas em regime de ¿porteira fechada¿, pelo qual o partido do ministro preenche todos os cargos de direção sob seu comando, incluindo as estatais. O recado foi dado anteontem por Lula, durante conversa com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), quando indicou os novos ministros.

¿Não é porteira fechada, mas fomos informados de que os ministros terão liberdade ampla para fazer a composição com os colegas ministros de outras áreas e outros partidos da base aliada¿, relatou Alves, ontem, a um dos vice-líderes.

Para se manter afastado de eventuais escândalos que surjam, Lula advertiu que, se houver denúncias e irregularidades, o ministro ou o partido que indicou o responsável terá de se explicar.

Na conversa preliminar com a cúpula peemedebista, o presidente afirmou que o preenchimento dos cargos será resolvido com muita conversa e entendimento, ¿mas com absoluta responsabilidade do ministro sobre o indicado¿. No entanto, como o PMDB não garantiu a ¿porteira fechada¿, como pretendia, já começaram as disputas pelo comando das estatais.

No Ministério da Integração Nacional, que será assumido hoje pelo deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), comentava-se que o PSB do ex-ministro Ciro Gomes (CE) terá de negociar para preservar a sua cota. É o caso da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), que tem 1.600 funcionários e um orçamento de R$ 198 milhões.

CÚPULA

No PMDB, a briga por cargos atingiu altas temperaturas, antes mesmo da posse dos ministros. Tanto que as duas alas do partido fizeram chegar à Casa Civil uma lista de indicações para estatais. Como a cúpula do PMDB do Senado brigou com a cúpula da Câmara, nenhuma sabe exatamente o que a outra está pedindo ao Planalto. Nem mesmo Temer tem conhecimento de todos os pleitos.

A disputa será arbitrada por Lula. Nos encontros que manteve com representantes das duas alas, ele tem repetido que quer a Câmara e o Senado conversando e os ministros atuando como representantes de todo o partido.

Diante das queixas de deputados por causa do ¿descaso¿ dos ministros ligados ao Senado - o senador Hélio Costa, das Comunicações, e o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau - Lula disse que chamará os dois para ¿lembrar¿ que é preciso compor com todo o partido.