Título: Rede do terror estende tentáculos até a Argélia
Autor: Lapouge, Gilles
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2007, Internacional, p. A12

Washington e Londres alertaram oficialmente que um atentado pode ser perpetrado por extremistas islâmicos na Argélia, tendo por alvo o pessoal estrangeiro que trabalha em indústrias de exploração de petróleo e gás desse país. A tática dos terroristas na região vem evoluindo. Antes, eles se dedicavam às emboscadas, seqüestros e, às vezes, matanças nas zonas rurais. Hoje, os ataques visam prioritariamente as cidades e particularmente os empregados estrangeiros, com um objetivo claro: arruinar as indústrias locais. Destruir a infra-estrutura econômica da região do Magreb.

A mudança de tática se explica: a Al-Qaeda, a terrível organização que fomentou os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, pouco a pouco vem assumindo o controle de todas as organizações terroristas das diferentes zonas árabes.

Na Argélia, até agora as ações eram concebidas e realizadas pelos salafistas, que formam uma rede terrorista especificamente argelina e, entre os islâmicos, são considerados os mais ferozes e mais retrógrados. Querem um retorno aos tempos medievais do 'Grande Islã', restaurando o califado por toda a parte e se entregando à jihad (guerra santa), para acabar com os últimos vestígios das cruzadas cristãs.

Soube-se recentemente que o grupo salafista da Argélia passou para o lado da Al-Qaeda. Mudou de nome e hoje se denomina 'Al-Qaeda do Magreb'. Uma das vantagens desse controle da Al-Qaeda é que, em vez de operarem isoladamente, as diferentes ramificações do terror (argelina, marroquina, etc.) podem unir seus recursos e associar suas táticas. Por exemplo, há alguns dias um terrorista suicida se fez explodir na cidade marroquina de Casablanca. A operação, fracassada, foi armada pela Al-Qaeda do Magreb.

Mas a Al-Qaeda não restringe suas ambições apenas à região do Magreb (Argélia, Tunísia, Marrocos e Líbia). Tem redes instaladas também nos países do Oriente Médio. Assim, a organização de Osama bin Laden já pôs um pé no Líbano. Uma célula terrorista foi criada ao norte do país, num campo de refugiados palestinos.

Seis desses terroristas acabaram de ser presos pelas autoridades do Líbano. Também aí, a nebulosa Al-Qaeda recentemente passou a se encarregar dos grupos terroristas locais. Contudo, embora o maior contingente dos milicianos seja palestino, recentemente afluíram para as fileiras do grupo especialistas de outras nacionalidades. E com o patrocínio da Al-Qaeda, comandos se introduziram no Líbano, vindos da resistência armada do Iraque, que se tornou um grande centro de terroristas suicidas, que são exportados para toda a região.