Título: EUA admitem guerra civil no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2007, Internacional, p. A13
O Pentágono reconheceu pela primeira vez que alguns aspectos do conflito iraquiano podem ser caracterizados como uma guerra civil. Entre eles, o documento cita o 'agravamento da mobilização etno-sectária, a mudança no tipo de violência e a migração forçada da população'. O governo, entretanto, ressalta que o termo guerra civil 'não traduz adequadamente a complexidade do conflito'.
Divulgado na noite de quarta-feira, o relatório também afirma que a violência no Iraque entre outubro e dezembro de 2006 foi recorde. O número de mortes foi o mais alto dos últimos quatro anos tanto entre soldados iraquianos e estrangeiros, como entre civis.
Ainda de acordo com o documento, os ataques se concentraram em Bagdá e em três províncias que cercam a capital: Diyala, Salahedin e Anbar - que é o maior reduto da insurgência sunita no país. O pico da violência aconteceu na capital: 45 ataques em um único dia.
Foi registrada uma média de mil ataques por semana em todo o país. No período entre maio e agosto, a mesma estimativa era de 800 atentados. Outro dado mostra que 9 mil iraquianos estão deixando o país todos os meses. Entre tantas notícias negativas, uma constatação foi positiva: o governo iraquiano 'está agindo para melhorar a economia e estabilizar a situação política'.
No mês passado, especialistas em inteligência dos EUA divulgaram um documento similar, que chegava à mesma conclusão sobre as características de guerra civil no Iraque.
RETIRADA
Um plano democrata para retirar todas as tropas americanas do Iraque até o dia 1º de setembro de 2008 foi aprovado ontem por um dos principais comitês da Câmara dos Deputados dos EUA. 'Quero que essa guerra acabe. Não quero ir a mais nenhum funeral', afirmou o deputado democrata Jose Serrano ao comemorar a vitória. Em contrapartida, os democratas foram derrotados no Senado por não conseguirem aprovar uma lei que determinava a retirada dos soldados em 120 dias. A medida que acabou sendo aprovada não especifica uma data limite para a volta dos soldados, mas sugere que ela ocorra em março de 2008.