Título: Lojas esticam prazos para garantir vendas
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2007, Economia, p. B1

Mais que o recuo das taxas de juros, o alongamento dos prazos de pagamento tem dado combustível para o crescimento das vendas no varejo neste início de ano. E este é o grande chamariz de vendas.

Os planos de pagamento de longo prazo, isto é, cujo parcelamento é superior a 13 prestações, respondem hoje por 45% das ofertas anunciadas pelas redes varejistas em todo o território nacional, segundo a ShoppingBrasil, empresa especializada em pesquisas de ofertas do comércio. O crediário de 9 a 12 prestações também representa 45% das ofertas.

¿Pela primeira vez, os planos de prazos mais longos aumentaram consideravelmente a sua participação nas ofertas anunciadas este mês e se igualaram à fatia dos planos de pagamento intermediários, entre 9 e 12 vezes¿, observa o diretor da empresa, Minoru Wakabayashi.

Em contrapartida, a pesquisa mostra que o crediário de curtíssimo prazo, em até 4 vezes, tende a desaparecer das ofertas, com cerca de 1% de participação hoje.

Nas contas do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, o alongamento de prazo tem impacto maior no valor da prestação do que o recuo nos juros. Numa mercadoria de R$ 1 mil, a queda de 1 ponto porcentual nos juros de 6% corresponde a um recuo de 9% no valor da prestação num plano de 24 meses. No entanto, se o plano for esticado de 24 para 36 vezes, com juros mantidos em 6%, o valor da prestação cai 14%.

Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diz que o crédito - prazos e juros - é o principal responsável pelo bom desempenho do comércio neste início de ano, que, segundo ele, é mantido este mês.

¿As lojas também esticaram os prazos de carência do primeiro pagamento¿, destaca Solimeo. Ele argumenta que essa adaptação é para se adequar ao bolso do consumidor em meses mais apertados como o atual.