Título: Excesso de cautela do Copom incomoda Mantega
Autor: Freire, Gustavo e Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2007, Economia, p. B4

Defensor de uma aceleração do processo de queda da taxa de juros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está cada vez mais descontente com o que considera excesso de cautela do Banco Central na administração dos juros, o que estaria levando a inflação a ficar bem abaixo da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O ministro avalia que BC recebeu a determinação do CMN para perseguir a meta e o conservadorismo não cabe mais no momento em que a economia do País vive uma fase positiva de inflação, taxa de risco e juros em queda, combinada com o aumento do consumo interno e dos investimentos. ¿Está na hora de os analistas refletirem mais sobre esse fato¿, disse o ministro a um interlocutor, que relatou a conversa ao Estado.

Para evitar um confronto maior pelas páginas dos jornais com o presidente do BC, Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda tem evitado críticas diretas ao Comitê de Política Monetária (Copom). Mas, volta e meia, deixa escapar farpas contra o BC. No início da semana, Mantega cobrou uma queda mais rápida dos juros numa audiência no Senado sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele disse que o Copom não deveria ser conservador na administração da Selic e deveria mirar o centro da meta.

Meirelles acusou o golpe e declarou que todos os BCs miram o centro da meta, e é isso que o Copom tem feito. Não é o que acha o ministro, que freqüentemente observa que a pesquisa Focus, feita semanalmente pelo BC com analistas do mercado, indica um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) muito abaixo da meta. Na segunda-feira, a estimativa era de 3,87% para este ano.

Para Mantega, inflação muito baixa significa juros mais altos, o que freia o crescimento da economia. Ele também tem insistido no discurso de que cabe ao governo definir a meta e ao BC apenas persegui-la.