Título: Empresários atacam BC. De novo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2007, Economia, p. B3
Embora esperada, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a taxa básica de juros (Selic) em apenas 0,25 ponto porcentual recebeu ataques de empresários e sindicalistas. Eles reclamaram da timidez com que o Banco Central (BC) está promovendo a redução e pedem corte maior a partir da próxima reunião.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, defendeu que, 'passada a turbulência externa, o BC retome a redução em ritmo mais acelerado'.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o anúncio continua sinalizando incoerência da política econômica com as metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 'Há pouco mais de um mês, esperávamos que o Copom fosse reduzir a Selic em 0,50 ponto, acrescentando otimismo ao então recém-divulgado PAC', lembrou. ' No entanto, o comitê frustrou essa expectativa, estabelecendo queda de apenas 0,25 ponto.'
Na mesma linha, Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), criticou o conservadorismo do BC, que insiste em redução muito lenta da taxa, em contraste com o nível de atividade em recuperação. 'Olhando os indicadores de inflação e o câmbio há espaço para reduzir mais.'
Em tom menos crítico que outros segmentos empresariais, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, disse que o mais importante é não interromper a seqüência de queda dos juros, embora, observou, seria melhor uma redução mais rápida. 'O importante é que os juros continuem declinantes, e também termos a previsibilidade de que a redução continuará.'
A Força Sindical, comandada por Paulo Pereira da Silva, também atacou a decisão, considerada 'equivocada, com pouco impacto para tirar o País da atual estagnação econômica que compromete o primeiro semestre, que já caminha para um crescimento raquítico'.
O sindicalista acha urgente um corte mais audacioso, pois a taxa continua num nível proibitivo para quem produz. 'O excesso de conservadorismo do Copom, com quedas em velocidade de lesma, é danoso para o setor produtivo.'
O presidente da CUT, Artur Henrique, chamou de 'medíocre' a redução. A CUT sugere que 'o governo federal chame esses funcionários ao seu real dever e o sistema financeiro a participar do esforço nacional por desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho'.