Título: Chávez amplia ajuda a Kirchner
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/03/2007, Economia, p. B3

O governo da Venezuela vai ampliar o financiamento das contas públicas argentinas em 2007. Neste ano, o governo do presidente Hugo Chávez irá comprar mais US$ 1 bilhão em papéis da dívida argentina. Até agora, Caracas já adquiriu cerca de US$ 4,5 bilhões em papéis argentinos, o que está possibilitando que Buenos Aires financie seus gastos públicos.

Por ter declarado default há cinco anos, o governo argentino não tem como fazer emissões internacionais. A saída, segundo autoridades de Bueno Aires, tem sido a emissão doméstica e esperar que investidores estrangeiros venham ao mercado procurar os papéis argentinos.

Mas, no caso da Venezuela, a situação é um pouco diferente. Caracas não apenas compra os papéis e injeta recursos na economia Argentina, como usa esses mesmos papéis em uma revenda ao exterior. Dessa forma e por estar limitada por seu controle de câmbio, o governo de Chávez consegue enviar aos mercados internacionais parte dos dólares arrecadados com a alta nos preços do barril do petróleo nos últimos anos.

Com um superávit em suas contas e com dólares em abundância, graças aos preços do petróleo, a Venezuela vem usando os recursos na região como forma de aumentar sua influência política e econômica.

Segundo fontes do governo argentino, Caracas já adquiriu cerca US$ 750 milhões apenas neste ano nas emissões feitas por Buenos Aires.

Para as autoridades argentinas, o dinheiro venezuelano está sendo fundamental para auxiliar na tentativa do governo de equilibrar suas contas e voltar a dar credibilidade à economia argentina depois da crise. O país vem crescendo a uma taxa de mais de 7%, mas especialistas alertam que o modelo pode não ser sustentável.

Os argentinos, porém, admitem que o fluxo de recursos venezuelano também tem um componente político e reflete a aproximação que existe entre as posições do presidente da Argentina, Nestor Kirchner, e Hugo Chávez.