Título: IBGE apresenta hoje os novos números do PIB
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/03/2007, Economia, p. B10

Os novos resultados do Produto Interno Bruto (PIB), que serão anunciados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do período de 1995 a 2005, poderão mostrar valores maiores e variações mais voláteis que os da série atual. Caso se confirmem as mudanças, a dívida líquida do setor público e o superávit primário do período em relação ao PIB terão de ser recalculados.

¿O valor do PIB desses anos deverá subir¿, avalia o economista da UFF e ex-chefe de Contas Nacionais do IBGE Claudio Considera. Segundo ele, as pesquisas anuais da indústria, do comércio, dos serviços e da construção civil, que passam a integrar o cálculo do PIB, incorporam mais rapidamente novas empresas e, por isso, deverão elevar os valores. ¿O PIB crescerá em valor¿, concorda o economista da MB Associados, Sérgio Valle.

De maneira simplificada, caso o PIB cresça, a taxa de endividamento líquido, superávit primário e carga tributária, por exemplo, tendem a diminuir. Isso representaria um efeito contábil. Segundo os economistas, esses indicadores terão de ser recalculados.

O economista da LCA Consultores Francisco Pessoa prefere não apostar no aumento do PIB. ¿Não há como saber. O fato de ser melhor medido não significa que seja para mais. Estou curioso para ver os resultados.¿ De forma geral, os economistas que estudam a atividade econômica e costumam se debruçar sobre as Contas Nacionais produzidas pelo IBGE elogiam as mudanças porque tornam o cálculo mais preciso e abrangente.

Na prática, a inclusão das pesquisas anuais que passaram a ser feitas desde 2000 e de outras mais recentes, como a Pesquisa de Orçamento Família (POF) de 2002 e o Censo Agropecuário de 1995, agregam informações que antes eram estimadas e agora serão efetivamente contabilizadas.

Embora as pesquisas anuais que serão incorporadas tenham sido feitas a partir de 2000, os dados dos anos anteriores foram compatibilizados para serem comparáveis, assim como para evitar as críticas que poderiam surgir caso apenas os anos mais recentes fossem recalculados.

Outras mudanças do cálculo são a nova forma de medir a administração pública e os aluguéis no PIB, que tendem a tornar as variações anuais mais fortes, para cima ou para baixo. Haverá mudanças também na computação de dados de aluguéis. A agropecuária será dividida em resultados da lavoura e da pecuária.

PRÓS E CONTRAS

Elogios à nova metodologia: incorporação das pesquisas anuais de indústria, comércio, serviços e construção na base de dados, com informações mais recentes e amplas; melhor medição da administração pública - no lugar do crescimento populacional como referência do crescimento físico da produção do setor público, novos indicadores serão usados, como a evolução do funcionalismo; abertura dos dados da agropecuária, com resultados para lavoura e pecuária.

Críticas: as pesquisas anuais setoriais, feitas a partir de 2000, demoraram muito para ser incorporadas no cálculo do PIB; necessidade de dados dos investimentos dentro do PIB, por trimestres, abertos por construção, máquinas e infra-estrutura, como o que é feito em outros países, como os EUA; os dados sobre consumo intermediário (bem produzido por um setor e usado em outro) são insuficientes, o que exige uma série de estimativas - uma saída seria a realização de um Censo Econômico (o último é de 1985).