Título: 'Desconhecem minha intimidade com área'
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2007, Nacional, p. A7

O deputado Reinhold Stephanes (PR) disse que assumirá o Ministério da Agricultura com a disposição de ajudar o presidente Lula a manter o apoio coeso do PMDB. Stephanes, que se diz ¿um pouco tímido¿, superou resistências de ruralistas e de companheiros do PMDB, onde está há quase 7 anos.

A que o sr. atribui as críticas de que não é muito identificado com o PMDB?

Não vejo razão para isso. A grande maioria que está no PMDB tem tanto tempo de legenda quanto eu, ou até menos.

O sr. terá condições de superar o veto inicial dos ruralistas e os problemas internos?

Acho até muito fácil o acerto interno, porque há boa vontade de todos. Com a bancada ruralista em si, acho que minha convivência também pode ser muito boa, mas evidentemente isto não quer dizer que eu vá satisfazer a todos da bancada.

A que o sr. atribui a resistência dos ruralistas a seu nome?

É um pouco de desconhecimento em relação à minha intimidade com a área e também do fato de alguns terem outro candidato. Não vejo outra razão. Com as entidades o relacionamento será bom como sempre foi.

O sr. acha que poderá ajudar o governo a manter o PMDB coeso no apoio ao presidente Lula?

Com certeza. Já comecei a conversar com muitos ruralistas, exatamente para evitar qualquer tipo de ressentimento. Você só acaba com qualquer tipo de mal-entendido conversando.

O apadrinhamento que o governador Roberto Requião (PR) deu ao sr. para o ministério pode lhe custar alguma dificuldade política?

Não, porque há um respeito mútuo na relação. O maior exemplo é que na eleição na Câmara eu acompanhei o Arlindo Chinaglia (PT-SP), embora Requião apoiasse Aldo Rebelo (PC do B-SP).

O apadrinhamento não implica compromisso com Requião no que se refere à luta contra os transgênicos?

Absolutamente nenhum. Existe uma lei que define isto e tem que ser cumprida. É claro que transgênicos, assim como pequena propriedade, meio ambiente, são temas polêmicos. Mas tudo isto tem que ser entendido e tratado dentro do governo, com o cuidado e a maturidade que merecem.

A que se deve a ação popular que o sr. responde por improbidade administrativa, envolvendo o Banestado?

Me pediram explicações à época, elas foram dadas e eu fiquei surpreso, agora, porque imaginava que o processo já estava encerrado. A ação foi movida pela moça que presidia o sindicato dos bancários do Banestado. Eu presidia o banco, mas as decisões não eram individuais, do presidente. E o procurador do Banestado, à época, me explicou ontem que meu nome só apareceu no processo no sentido da tramitação. Eu recebia os pareceres e encaminhava ao conselho. Não autorizei nada.

Quem é: Reinhold Stephanes

Foi ministro da Previdência nos governos Collor e FHC

Foi secretário-executivo do Ministério da Agricultura

Aos 67 anos, está em seu terceiro mandato na Câmara